sexta-feira, 29 de agosto de 2008

AI COSTA, A VIDA, COSTA!


Perante um Ministro da Justiça, de seu nome Alberto Costa, que se mantém num pérfido silencio como se nada de anormal se passe neste país, o Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, na Grande Entrevista apresentada ontem no canal 1 da RTP, veio-nos dizer mais do mesmo, ou seja, nada!
E é notória a perfeita falência e descoordenação entre ministérios, que ficou patente numa das suas afirmações, colocando a possibilidade de serem revistos os códigos Penal e do Processo Penal se, a comissão encarregada de analisar a correcta aplicação das recentes reformas aos citados códigos, encabeçada pelo professor universitário Boaventura Sousa Santos, tirar conclusões que, cita: «se servirem para provar ao Governo que algo não está correcto, poderá haver uma mudança nas leis». No mesmo dia e na mesma estação televisiva, o Ministro da Justiça, Alberto Costa, afirmou que estava de acordo com as directivas do Sr. Procurador-geral da Republica, mas estar fora de questão qualquer mexida nas leis penais. Dissemelhantes nas suas declarações publicas, fica a ideia que estes dois ministros não não vivem no mesmo país, que não são do mesmo governo, ou que estão de candeias às avessas. Organizem-se!
Dizia a minha avó Efigénia que só os burros não mudam e este governo parece dar-lhe razão pela negativa.
O Procurador-geral foi bem claro no seu recado ao governo quando diz; «espera-se que o legislador proceda aos ajustamentos legais que se mostram necessários para combater a criminalidade violenta, tendo em consideração que o hipergarantismo concedido aos arguidos colide com o direito das vítimas, com o prestígio das instituições e dificulta muitas vezes o combate à criminalidade complexa.».
Vamos esperar para ver os efeitos práticos de algumas medidas anunciadas, na expectativa de que mais uma vez a montanha não venha a parir um rato.
É este o governo que temos, os ministros que temos e os resultados estão à vista.
Espero que o bom senso deste povo impere nas próximas eleições e que estes senhores recebam o devido castigo por tão maus comportamentos; - é que realmente só merecem umas orelhas de burro e serem colocados no canto da sala.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A VIOLÊNCIA ACORDA E O ESTADO DORME

É minha intenção não voltar a falar de violência nos tempos mais próximos. Isto porque entendo que todos nos encontramos já bastante causticados com as notícias difundidas por todos os órgãos de comunicação social, pelas críticas feitas pelo senhor Procurador Geral da Republica, magistrados e diversos organismos sindicais das policias, suscitadas pelas incongruência da introdução de diversas alterações legislativas e que se tornaram no pão-nosso de cada dia.
Salvaguardo uma antecipação segura, que seria a de algum dos proeminentes cérebros que nos (des) governam ser, muito eventualmente, alvo desta violência. E não o faria, com toda a verdade, por regozijo, mesmo confessando que não nutro nenhuma simpatia por nenhum deles. Fá-lo-ia pela novidade que representaria, ou seja, a de colherem tempestades pelos ventos que tão bem têm semeado.
É verdade que um acontecimento desta natureza é mais improvável do que algum de nós ser premiado no euromilhões, porque bem sabemos que estão super protegidos, mas não é menos verdade que a violência a que temos vindo assistir em crescendo, emerge da passividade e inoperância de quem tem por direito proteger-nos.
E não chega que o sr. Ministro da Administração Interna venha calmamente a publico dizer que o problema é bastante delicado e que é um mal transfronteiriço, como desculpa da sua incapacidade em conter ou diminuir esta explosão de criminalidade, que atingiu índices jamais registados em Portugal.
Todos sabemos, e não é necessário que ele no-lo diga, que o crime está cada vez mais organizado, transcontinental e tendencialmente crescente, porque não deve um governo e o seu ministro da tutela, deterem-se simplesmente na análise sem que, de imediato, implementem as medidas adequadas e enérgicas que visem pôr-lhe cobro.
Se é missão das policias reprimir a criminalidade e deter os delinquentes; se é função dos tribunais julgar exemplarmente os delitos e aplicar penas em consonância com a gravidade dos mesmos, é fundamental obrigação do governo não deixar uns e outros de mão atadas, legislando com rigor e realismo, no sentido de que a ambos seja possível o cumprimento cabal das suas competências, presentemente limitadas com as alterações introduzidas aos códigos do Processo Penal e Penal, que entraram em vigor em 15 de Setembro de 2007.
Eu sei que o tema é controverso e que o legislador se escuda sempre nos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. E deve tê-lo em atenção, como garante do estrito cumprimento constitucional mas ela também prescreve, no seu artigo 272, que “todos os cidadãos têm direito à liberdade e à segurança” e que a “vida humana é inviolável”, no seu artigo 24º.
A verdade nua e crua, é que a manutenção da liberdade de uns quantos, bastas as vezes duvidosa, não pode nem deve implicar com a tranquilidade e segurança da maioria. Muito menos, quando este governo, por razões economicistas, alivia as cadeias de mais de um terço dos reclusos, só porque estes custam qualquer coisa como € 50,00 diários. E quanto vale uma vida humana, uma só que seja, que tombe às mãos de criminosos? E quem se deverá responsabilizar? É que começa a ser caricato e preocupante que muitos dos arguidos postos em liberdade, reincidam de imediato.
Estão perfeitamente fundamentados o desassossego e o terror dos cidadãos perante esta vaga de criminalidade, por más sentenças, abandono de provas substanciais, por carências formais, falhas processuais, caducidades e prescrições. Hoje, quem tem liberdade de circulação por toda a parte são os criminosos; velhos, crianças e demais cidadãos comuns não se afoitam a sair à rua e menos passear em muitas zonas das terras onde vivem, receosos de serem assaltados, roubados, agredidos ou mesmo mortos.
Estamos fartos de ser vitimados e cada vez mais indignados e revoltados!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

AOS CAMPEÕES DOS COMENTÁRIOS

Eu gostava de perguntar a todos os que têm tecido, nos mais diversos "foruns", criticas tão soezes aos nossos atletas, quantos de vocês estão entre os melhores do Mundo naquilo em que trabalham diariamente? Não se conseguirão capacitar que Portugal não consegue - porque não tem dimensão sequer para isso - ter 4 ou 5 campeões olímpicos?. Nelson Évora conseguiu hoje o que só 3 mitos do nosso atletismo tinham conseguido até hoje: Carlos Lopes; Rosa Mota e Fernanda Ribeiro. Eu acho que com as condições que damos aos nossos atletas para treinar, os resultados não são assim tão maus e acredito que um atleta se sinta bastante orgulhoso em conseguir obter o seu passaporte para uns J.O. pois deve ser uma recompensa mínima pelo esforço e dedicação postas diariamente na sua preparação. Estas pessoas que escrevem comentários dizendo que "nós é que vos estamos a pagar", deviam ter vergonha porque são, muitas vezes, as mesmas que contribuem para que se perpetue este estado de coisas pois em Portugal só há futebol. Uma simples pergunta: quantos de nós ( e contra mim falo ) já fomos assistir a uma prova de natação, judo, esgrima ou até mesmo andebol ou atletismo? Pois é... Às vezes penso que quem devia ter vergonha éramos nós.
Hugo Claro

terça-feira, 19 de agosto de 2008

NAIDE GOMES É TÃO (A)NORMAL COMO TODOS NÓS

Assisti, já alta madrugada, naturalmente como muitos portugueses, às eliminatórias das provas do salto em comprimento nas Olimpíadas de Pequim e a expectativa era enorme uma vez que ela, pelo que já nos provou, é uma atleta com um potencial suficiente para ombrear com as melhores na disputa pela medalha de ouro.
É normal que todos nos tenhamos sentido tristes, e ela em particular, por não ter ido mais longe. Mas não basta comentar contra ou a favor, sem primeiro olhar para o interior de nós.
Quando chega a hora de dar bitaites nós, os portugueses, somos os maiores. Só que nunca passamos daqui. Está na hora de acordar, porque o que se passou nestes jogos olímpicos é exactamente o espelho deste país, onde a culpa morre sempre solteira, porque ninguém se quer casar com ela.
Os culpados somos todos nós, porque estas coisas acontecem todos os dias no nosso quotidiano; tentar ganhar ou perder! Mas são mais as vezes que perdemos do que as que ganhamos. Daí, seja na pessoa de quem for, não chega dizer mal, porque é fundamental ir ao âmago da questão, analisar as causas e fundamentar as criticas. E a minha é esta: Naide e todos ou outros atletas que nos representaram tentaram fazer o seu melhor, estou convencido. As razões do fracasso serão múltiplas mas terão inexoravelmente o cunho deste país de desalento e resignação, onde a maioria já está habituada a perder.
Teremos de esperar pacientemente por 2012, que é o mesmo que fazemos relativamente aos governos, tentando convencer-nos que o próximo será melhor. É a nossa sina!

DE CRISE EM CRISE ENCHEM-SE MUITOS PAPOS

Num destes dias, estando eu a lamentar, mais uma vez, o estado de degradação em que este país se encontra, dizia-me um amigo: «é pá não entres em parafuso porque não podemos ver as coisas tão negras como tu as pintas. É verdade que as coisas não estão famosas, mas temos aí um governo e peras e vais ver que isto vai mesmo andar para a frente!». Eu, que me apercebi de imediato da sua simpatia partidária, não pude deixar de encontrar alguma piada nas suas palavras e, tendo em conta a gravidade da situação, respondi-lhe: «Olha que me assustas com essa tua afirmação. É que estamos mesmo à beira do precipício, fazendo fé nas palavras do governo, e se damos nem que seja mais um passo, vamos despenhar-nos inevitavelmente».
O meu amigo limitou-se a esboçar um sorriso e retorquiu: «Vai pelo que eu te digo pá, este governo é do baril e está mesmo empenhado em safar-nos do atoleiro em que estamos metidos».
É claro que eu pensava, no início da conversa, que aquilo era só para me animar mas, verificando que ele estava a falar a sério, mudei o rumo ao diálogo.
«Olha lá meu ingénuo, eu pensava que tu estavas a brincar. Tu acreditas mesmo que este governo vai dar a volta a esta crise e que as coisas vão mudar?». «Sim, sim, tens alguma dúvida?», respondeu-me com uma convicção que me deixou entre o incrédulo e o irritado e, dei-me conta do brilhozinho que afloraram aos seus olhos, quando eu, para o confundir, lhe respondi que também acreditava numa mudança. Com um contentamento redobrado, disparou: «Vês como temos a mesma opinião?». E aí, eu disse-lhe: «Acredito que as coisas vão mudar….só que para pior!». Prossegui: «Repara que, contrariamente ao que este governo prometeu quando estava em campanha eleitoral, até hoje não mostrou a mínima intenção, ou não teve capacidade, de por em prática uma só das suas promessas. Antes pelo contrário. O que assistimos é a um descaramento a que já nos devíamos ter habituado, uma vez que todos, sem excepção, são useiros e vezeiros em prometerem, o que bem sabem por antecipado não ir cumprir, numa ávida caça ao voto sem eira nem beira. Abre esses olhos e toma, de uma vez por todas, a consciência da realidade!
Pensa nos milhares de desempregados, no aumento do IVA., na subida dos combustíveis; das urgências que fecham, na calamidade do ensino, na fragilidade da segurança das pessoas, traduzida num aumento exponencial dos assaltos e dos homicídios. Nos escândalos da Casa Pia, do desaparecimento da Maddie, no Apito Dourado e outras tantas coisas que acontecem em catadupa, sem que neste país se reaja, parecendo que anda tudo ao Deus dará. E, já nos acostumámos a que o governo venha a terreiro eximir-se de culpas, usando como bode expiatório a crise internacional, o aumento do barril de petróleo e dos alimentos, e por aí fora. Em contraste com tudo isto, e apesar da crise imobiliária, os imóveis mais caros no mercado estão sempre vendidos, os carros de alta cilindrada têm lista de espera e as suas vendas aumentam, as fortunas avolumam-se de forma inusitada e a malta não tem dinheiro nem para mandar cantar um cego porque este governo, ao contrário do Robin dos Bosques, tira aos pobres para dar aos ricos.
A crise está instalada e o povo está cansado, meu amigo. Cada vez mais teso e já pouco mais tem que se lhe tire do que a própria pele. É que já passamos por tudo; pelo tempo das vacas gordas (se é que algumas vez nos tocou alguma), das vacas magras e das loucas e, agora, o que este governo nos parece querer transmitir, é que já nem sequer há vacas»,
O meu amigo, que me ouviu atentamente, sem nunca me interromper, ficou um momento pensativo. Levou a mão à cabeça desgrenhando os cabelos e, num gesto brusco, apontando-me o dedo da sua mão direita, exclamou: «PORRA, TENS RAZÃO. ISTO É QUE VAI UMA CRISE!»

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

VIVA O CHOQUE TECNOLÓGICO

Viva o "Choque tecnológico"
Viva George Orwell

Viva Aldous Huxley
Viva o Big Brother

Viva a Privacidade perdida
Eis um exemplo do resultado do choque tecnológico em 2019


- Telefonista: Alô, Pizza Expresso, boa noite!
- Cliente: Boa noite, pretendo encomendar duas pizzas
- Telefonista: Pode-me dar o seu NICE?
- Cliente: O meu Número de Identificação de Cidadão Europeu? Sim, sim, é o nº 636102199125PT
- Telefonista: Obrigado, Sr. António Lacerda de Abreu. O seu endereço é na Av. Pais de Barros, 3119, apartamento 6011, e os nºs dos seus telefones são; o de casa 003512154 4423685, o do seu emprego, a Companhia de Seguros Vida Tranquila, é o 003512133 2557861 e o do seu telemóvel é o 35199345487, certo?
- Cliente: Como é que conseguiu todas essas informações?
- Telefonista: Porque estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central Europeu.
- Cliente: Ah, sim, é verdade! Mas oiça, quero encomendar duas pizzas, como disse: Uma Quatro Queijos e outra Calabresa…
- Telefonista: Talvez não seja boa ideia
- Cliente: Porquê?
- Telefonista: Consta da sua ficha médica que o sr. Sofre de hipertensão e tem uma taxa de colesterol muito elevada. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a saúde.
- Cliente: Claro, tem razão! O que é que me sugere?
- Telefonista: Porque não experimenta a nossa Pizza Superlight com Tofu e Rabanetes? O senhor vai adorar!
- Cliente: Como sabe que eu vou adorar?
- Telefonista: O senhor consultou as páginas “Receitas Gulosas com Soja” da Biblioteca Nacional, no dia 15 de Janeiro, às 14,27 horas e permaneceu ligado à rede durante 39 Minutos. Daí a minha sugestão…
- Cliente: Ok, está bem! Mande-me então duas pizzas tamanho familiar!
- Telefonista: É a escolha certa para si, para sua esposa D. Amélia Abreu e para seus filhos António e Filipe, pode ter a certeza.
- Cliente: Diga-me quanto é, por favor.
- Telefonista: São 122, 44 €.
- Cliente: Quer o número do meu cartão de crédito?
- Telefonista: Lamento, mas o senhor vai ter de pagar em dinheiro. O limite do seu Cartão de Crédito foi ultrapassado.
- Cliente: Tudo bem. Posso ir ao Multibanco e levantar dinheiro antes que cheguem as Pizzas.
- Telefonista: Duvido que consiga. A sua conta de Depósitos à Ordem está com saldo negativo.
- Cliente: Meta-se na sua vida! Mande-me as pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que entregam?
- Telefonista: Estamos um pouco atrasados. Serão entregues em 45 minutos. Mas se estiver com muita pressa pode vir buscá-las, ainda que transportar duas pizzas na moto, não seja lá muito aconselhável. Além de ser perigoso.
- Cliente: Mas que história é essa? Como é que sabe que eu vou de moto?
- Telefonista: Peço desculpa, mas reparei aqui que não pagou as ultimas prestações do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga e então, pensei que fosse utilizá-la.
- Cliente:Foooddddddd…..!!!!
- Telefonista: Gostaria de pedir-lhe para não ser mal educado…Não se esqueça de que já foi condenado em Julho de 2006 por desacato em publico com um Agente Regional.
- Cliente: (Silêncio).
- Telefonista: Mais alguma coisa?
- Cliente: Não. É só isso….Não. Espere…Não se esqueça de me mandar dois litros de Coca-cola que constam da promoção.
- Telefonista: O regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 095423/12, proíbe a venda de bebidas com açúcar a pessoas diabéticas….
- Cliente: Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh!!!!!!! Vou atirar-me pela janela!!!
- Telefonista: E torcer um pé? O senhor mora no rés-do-chão.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

UM PEQUENO OLHAR SOBRE O MEU PAÍS

É francamente deprimente olhar bem para este país e ver o estado a que chegou. País onde, se sonhos houveram, hoje todos eles se esboroam dando lugar a um descrédito sem precedentes, gorando a esperança dos ventos de mudança que os sucessivos governos pós 25 de Abril nos vêm prometendo e, se até então, este país estava cativo por poucas dezenas de famílias, devidamente referenciadas, de alguns anos a esta parte tem sido um regabofe. As fortunas aumentaram substancialmente, disseminando-se por uma avalanche de novos-ricos, cuja origem, em muitos casos, é duvidosa e sem que se lhes investigue a proveniência.
A justiça, a educação e saúde estão um verdadeiro caos; os criminosos gozam de certa impunidade, nas escolas ninguém se entende, e a saúde está cada vez mais doente, sendo cada vez menos um direito dos cidadãos porque, regida por princípios economicistas, coíbe o fim social e humano que lhe deveria estar adstrito.
Os tempos mudaram e, inevitavelmente, os homens também; só que para pior e todos nos questionamos onde, a continuar assim, vamos chegar. Somos um país sem esperança, um povo triste e sistematicamente mal governado. A verdade é que nos deixámos de respeitar no colectivo; que somos cada vez mais egocêntricos, indiferentes e apáticos. E pergunto-me se é lícito ter uma visão tão derrotista do presente. Eu concluo que é!
É porque não se perspectivam melhorias ao estado a que as coisas chegaram e não será com este governo, que tirou o socialismo da gaveta, onde Mário Soares o tinha guardado e, com a maior das leviandades, lançou-o literalmente no caixote de lixo da história. Nem tão pouco será com esta oposição feita de silêncios e partilha de interesses que podemos esperar que as coisas se alterem significativamente.
Só o governo teima e acredita (???) na superação da crise, mas o país continua paralisado. Que o digam os pequenos e médios industriais e comerciantes, que se vêem confrontados no presente com dificuldades seríssimas, com os seus negócios cada vez mais comprometidos e as falências a aumentarem em flecha, interrogando-se constantemente se vão aguentar-se e até quando. Que o digam as famílias cada vez mais endividadas que vivem num sufoco angustiante sem fim à vista, às quais a qualidade de vida tem vindo a diminuir assustadoramente, podendo mesmo dizer-se que a classe média está em vias de extinção. Estamos a caminhar a passos largos para nos tornarmos um país onde só existem os muito ricos e os muito pobres. No meio ficará o deserto.
Que o digam a nova onda de emigrantes que a exemplo dos idos anos sessenta, se vêem forçados a abandonar o país, tendo de procurar longe das famílias e dos seus lares o que este lhes nega. Que o digam os estudantes cada vez mais confundidos, sem perspectivas de futuro e sem saídas profissionais. Que o diga a juventude em geral, sem um futuro promissor, a quem tudo se lhe apresenta cada vez mais difícil. Que o digam os doentes e os trabalhadores da saúde, do tempo de espera para obter uma consulta ou uma intervenção cirúrgica e da qualidade das urgências e dos internamentos hospitalares. Que o digam os trabalhadores no desemprego ou os que, todos os dias, vivem constrangidos com o seu espectro e que o digam os reformados que têm de sobreviver, a maioria, em condições sub-humanas excluindo, claro, uns quantos que pelos “bons serviços” prestados são premiados principescamente com reformas de luxo e outras mordomias.
Como dizia Victor Hugo: «Não é um problema ser um país pequeno. Mas é um tremendo problema ser governado por homens pequenos.» E dizia, ainda: «O inferno dos pobres faz o paraíso dos Ricos».

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

AO MUNDO (de Liliana Josué)

Liliana
Embora me tenhas enviado este poema como comentário ao (IN)SEGURANÇA, achei que era um desperdicio deixá-lo escondido na gaveta e não lhe dar a visibilidade que ele merece. Assim, tomei a liberdade de o publicar na página principal, destaque que mereces por mérito próprio. Obrigado e fico à espera que mandes muitos dos teus lindos poemas e das tuas belas prosas.



Requebres de poemas sem lei
apontamentos da vida
onde nada tem conjuntura
imperando o desdenhoso caos
num grotesco sorriso
de águas podres.
Que não se negue a evidênciada
desolação dos sentidos
e a neutralidade da mente.
O vento sopra indiferente
aos gritos vindos do Hades
das nossas almas.
O sol brilha numa crueldade
de gigante poderoso, tudo queimando.
O verde chora sem esperança no futuro.
O azul desmaia de fadiga
deixando-se cair no cinzento das nuvens.
Só se ouvem melancólicos
os requebres de poemas sem lei
perdidos na esterilidade da existência
morta.

Lisboa, 12 de Agosto de 2008

Liliana Josué

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

(IN)SEGURANÇA

Que raio, já não entendo.
É só abrir os jornais
E já me parecem banais
As noticias que vou lendo
De tamanha violência
Que espelha bem a demência
Do mundo que vamos tendo

É tamanha a confusão
Que está instalado o caos
Neste lugar em que dos maus
Já não se consegue ter mão
Vão alargando o seu espaço
Praticando a cada passo
O crime impune e vilão

É assim, em todo o lado
Dizem as cabeças d’oiro
Temem os cornos do toiro.
Fazem leis por atacado
Espartilhando sua eficácia
E por esta pertinácia
Surge o crime organizado

Sim, eu desconfio das leis
E da sua aplicação
Porque afinal a razão
Todos decerto a sabeis
Salta à vista de qualquer
Pois só visam proteger
Os poderosos cruéis

E o que fazer afinal?
Sem solução aparente
Que é cada vez mais urgente
Para que seja terminal
E cumpram os tribunais
Não se faça esperar mais
Revejam o Código Penal



sábado, 9 de agosto de 2008

DESAFIO


“Falando Claro” nasceu de uma ideia conjunta com uma amiga brasileira, do Rio Grande do Sul, amizade até agora virtual mas que já ganhou uma certa força.
Ela lançou-me o desafio para criar algo diferente. Bem, o problema residia aí mesmo; fazer o quê e que se possa distinguir dos demais blogues que proliferam pela net que, imagino, se cifrem nuns milhares ou até milhões.
Depois de uma exaustiva troca de impressões concluímos que, embora se trate de um projecto ambicioso e até mesmo arrojado, seria interessante lançar um blogue que seja, ele mesmo, um “espaço aberto” a todos. Quer isto dizer que, além das postagens originais do autor, que pretende sejam o mais abrangente possível e cuja temática será variada, represente, simultaneamente, uma tribuna onde todos possam colaborar, enviando para o e-mail falandoclaro@gmail.com todos os assuntos ou trabalhos, do mais diverso teor, sendo que todos merecerão a melhor atenção e cuidado na análise do seu interesse e pertinência.
Não podia deixar de focar que “Falando Claro” reserva o direito de coligir, alterar, abreviar ou não publicar trabalhos enviados, que pela sua extensão e complexidade ou contendo matéria eventualmente passível de acções judiciais possam implicar a responsabilidade do autor deste blogue. Todavia, pretendo deixar bem claro que não se trata de uma atitude censória e que, muito menos, se amputará ou se desvirtualizará, o sentido que cujos textos tenham por objectivo.
Nos casos que contenham matérias mais delicadas, deverão os autores dos textos identificarem-se aquando do envio dos mesmos, mantendo-se o seu anonimato, sempre que este seja solicitado.
O sucesso ou fracasso deste empreendimento depende, em boa verdade, da vitalidade que se lhe consiga incrementar, emergente do entusiasmo que se lhe consiga incutir e para o qual contará sobremaneira a colaboração de todos, que se deseja assídua e de qualidade.
O “Falando Claro” será também a partir de hoje um sitio de e para todos nós. Um espaço que, além da sua componente lúdica, seja também para falar de tudo; das nossas cidades, vilas e aldeias. Das suas belezas ou das suas lacunas; de ecologia, que cada vez mais nos preocupa; de cultura; dos múltiplos problemas sociais; da politica e das suas consequências benéficas ou nefastas. Enfim, de tudo o que cada um de nós pensa e sente da sociedade em que vivemos e que muitas as vezes não extravasamos.


MÃOS À OBRA!

O MUNDO EM MINIATURA

Se pudessemos reduzir a população da terra a uma pequena aldeia de exactamente 100 habitantes, mantendo as proporções existentes actualmente, seria algo assim:
Teriamos 57 asiáticos, 21 europeus; 4 pessoas do hemisfério oeste (tanto norte como sul) e 8 seriam africanos.
Cinquenta e dois seriam mulheres e 48, homens. 70 não seriam brancos e trinta seriam brancos; Teriamos 70 não cristãos e os restantes seriam; 89 heterossexuais e 11 homossexuais confessos.
Seis possuiriam 59% da riqueza de toda a aldeia e os 6 (sim, 6 em seis) seriam norte americanos. Das 100 pessoas, 80 viveriam em condições sub-humanas.
Setenta não saberia ler, 50 sofreriam de desnutrição e uma pessoa estaria prestes a morrer enquanto que um bébé estaria a ponto de nascer e uma (sim, só uma) teria educação universitária.
Nesta aldeia haveria só uma pessoa com computador. Ao analisar o mundo desta perspectiva tão reduzida, torna-se urgente a necessidade de aceitação, entendimento e educação.
Agora pense...se esta manhã você acordou com mais saúde que doenças, então tem mais sorte que os milhões de pessoas que não sobreviverão nesta semana.
Se nunca experimentou os perigos da guerra, a solidão de estar preso, a agonia de ser torturado ou a aflição da fome, então está melhor que 500 milhões de pessoas.
Se você pode ir à sua igreja sem ter medo de ser humilhado, preso, torturado ou morto....tem mais sorte que 3.000 milhões de pessoas no mundo.
Se você tem comida no frigorifico, roupa no armário, um tecto sobre a cabeça e um lugar onde dormir, então é mais rico do que 75% da população mundial.
Se guarda dinheiro no banco, na carteira e tem algumas moedas num pequeno cofre...já está entre os 8% mais ricos deste mundo.
Se ainda tem os pais vivos e unidos...você é uma pessoa rara!
Se leu esta mensagem já tem mais sorte dos que os 2.000 milhões de pessoas em todo o mundo que não sabem, sequer, ler.
É nosso dever, enquanto cidadãos do Mundo, dar a conhecer a todos quantos nos rodeiam esta realidade e, a cada dia, lutar para que no futuro não tenhamos de contemplar a infelicidade dos outros para nos sentirmos verdadeiramente felizes.