quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A CENSURA PODE TER MUITOS ROSTOS

Vivemos, assim quero continuar a pensar, num estado de direito pelo que é lícito, a todos e a cada um, deterem e manifestarem as suas opiniões sobre este país, sem que lhes caia em cima o Carmo e a Trindade.
Bem sei que a liberdade de expressão, consignada na constituição é uma das poucas coisas previstas na lei fundamental que ainda vamos usando de certa forma e até ver porque, pelo caminho que isto parece levar, um dia ver-nos-emos confrontados com uma nova “lei da rolha”. Ao longo da história portuguesa foram muitas as formas utilizadas para restringir e até mesmo impedir o uso do direito de nos expressar: perseguições, prisão e até mesmo a morte foram também frequentemente os castigos de quem ousava expor aquilo que pensava, contrariando o discurso oficial do Estado.
Diversas ocorrências verificadas nos últimos tempos, dão-nos um nítido sinal de alerta da avidez do poder para limitar esse inalienável direito, sem o qual jamais se poderá evocar que vivemos em democracia.
Por razões que só a António Vitorino dizem respeito, este resolveu deixar o seu habitual programa “Notas Soltas” tendo conduzido, como consequência, a que Marcelo Rebelo de Sousa abandone também “As noites de Marcelo” e, assim se abriu uma guerra entre a RTP e a ERC. O director de informação daquela estação pública, José Alberto Carvalho, afirmou querer manter MRS, mas adiantou, «não conseguimos encontrar solução sem contrariar as recomendações da ERC», acrescentando,"O último relatório da entidade reguladora tinha uma ameaça explícita: se a RTP não recuar será sancionada."
Por sua vez, o iluminadíssimo presidente da ERC, Azeredo Lopes, contrapunha: «Aprecio o brilhantismo do dr. Vitorino, mas custa-me acreditar que não se encontre alguém para o substituir. Sem ele já não há comentário socialista?" A mesma pergunta que lança agora. "Não existirá ninguém [...] que possa representar com galhardia a mesma área de pensamento ideológico? E, esta posição leva-me a colocar uma questão: se a ERC, como é sua insofismável intenção, defende aqui uma “pluralidade” bastante duvidosa porque, no seu entender, sem António Vitorino não há contraditório, eu pergunto porque tem de ser assim, e a ser, porque razão não terão o mesmo direito todos os outros partidos com representação parlamentar, cujo pensamento ideológico é diferente?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

APENAS UMA PÁGINA DE UM DIÁRIO QUE NÃO ESCREVO!

(Dedicada carinhosamente aos meus amigos Susaninha, Silvinha e Nelsinho, não me coibindo do diminutivo, em relação ao ultimo, do qual não se deve inferir qualquer tendência desviante da minha parte (nem da dele, claro): - isto, só porque ele me diz, com muita frequência, que estou muito “paniscas” o que provoca o meu lado feminino, que até os mais machões têm, mas deixo aqui sem margem para equívocos, que a Silvinha pode ficar tranquila porque, estou seguro, nenhum de nós está nessa onda).
Dizia o poeta, António Gedeão que “Sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança” e o que hoje me preocupa, substancialmente, é a possibilidade da perda dos sonhos porque, sem eles, não existe imaginário e, sem ele, a vida esboroa-se na busca constante das realidades para as quais nos impulsiona inevitavelmente, arredando-nos deste manancial importante, saudável e imprescindível, que é o direito à fantasia.
Não renuncio a este vício, demasiado enraizado em mim, que me advém, essencialmente, da década de 60, do século passado, e que me marcou indelevelmente para todo o sempre; a utopia.
Hoje, dia 5 de Janeiro de 2010, aconteceu….
…. Mesclou-se, num verdadeiro rodopio de franca amizade, um singelíssimo e imprevisto encontro em casa da Susaninha, trazendo-me à memória os salutares convívios de antigamente, em que amizade brotava do interior de cada um, sem peias nem meias, evidenciado uma lealdade que tenho verificado, com tristeza, que se tem desvanecido gradualmente ao longo dos anos e que, como todas as coisa boas e agradáveis, parece estar em vias de extinção.
O vinho foi excelente, bebeu-se agradavelmente mas conta, sobretudo, a envolvência, e a interacção que dimanou de diálogos inacabados que, sem ser propositado, deixam sempre a “porta” aberta para novos encontros, permitindo a promoção espontânea de verdadeiras tertúlias, que darão lugar ao sonho, ao diálogo franco e aberto e ao fortalecimento de uma amizade recente a, cuja robustez, brindei silenciosamente.No dia a seguir, devem ter ido trabalhar sonolentos, dado ser tarde da noite. Eu dormi tranquilamente, não sem antes me ter quedado neste simples pensamento: Bolas, é mesmo bom ter amigos!

sábado, 2 de janeiro de 2010

UMA MENSAGEM DE ANO NOVO ...

A MENSAGEM DE ANO NOVO AO PRESIDENTE DA REPUBLICA, AO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA, AO PRIMEIRO-MINISTRO, À ASSEMBLEIA DA REPUBLICA, AOS POLITICOS, SEM DIFERENCIAR CORES, AO PODER JUDICIAL, AO PODER ECONÓMICO E AOS MEDIA, QUE TENTAM CONDICIONAR ESTE POVO SOFREDOR, ALIJANDO-SE, CADA VEZ MAIS DAS SUAS REAIS E ANSIADAS RESPONSABILIDADES.


Acabámos de entrar num novo ano em que nenhum de nós, nem quem tem os desígnios de nos governar, sabe como vai ser. A avidez, de todos os contendores é, sempre, a do exercício controlador do poder, esmagando o que quer que seja, tentando sempre ficar por cima, subjugando os interesses partidários em detrimento do interesse nacional.


Ao Sr. Presidente da Republica, que é em teoria o de todos os portugueses, mas não o meu, não basta o tom de bonomia que tenta deixar transparecer na sua mensagem de fim de ano, ainda que tenha aflorado algumas verdades, sem que nos deixe a impressão de que o seu discurso, mais do que um alerta para as realidades e soluções do país, se traduz num intencional trampolim para as Presidenciais de 2010. A política acima do interesse nacional.


Neste emaranhado de tibiezas e, segundo posições que dimanam do interior do PS, as facções que defendem a candidatura de Manuel Alegre e as que defendem a de Jaime Gama, são demonstrativas da falta de objectividade de um partido fragmentado, que atira pedras em todas as direcções porque a sua própria identidade não é uníssona; e, aqui, mais uma vez, os interesses partidários, se sobrepõem ao interesse nacional.


Do primeiro-ministro detenha cada um de nós a ideia que entender; -não é o meu “primeiro”, não me convence nem nunca me convenceu e, nem sequer, lhe dou o benefício da dúvida. As histórias que sobre ele se têm contado, substancialmente diversas e controversas, não me permitem o entendimento de se estar perante uma cabala; uma, vá que não vá mas, tantas, ou o ódio é tão eivado que todos se empenham em fazer-lhe a vida negra, mas conclui-se que a verdade nem sempre é como o azeite, segundo a tradição popular, porque bonito e honesto seria Sócrates, ele mesmo, provocar essa mistura de fluidos para provar a sua inocência. Mas não, tem-se vindo a transformar numa vítima, no pressuposto da recolha de louros, com a ideia objectiva, de que já ninguém duvida, de provocar eleições antecipadas que o catapultem para nova maioria, condição única em que poderá (des) governar-nos. É que, estou convencido, não o sabe fazer de outra maneira e, gravíssimo, é ter seguidores obtusos sem capacidade de pensarem por si, totalmente despersonalizados, porque a governação versus/politica não é, no presente, servir o país, o povo, o que seria curial, mas tão-somente a defesa de interesses de classe, apascentando este rebanho dócil. Nada disto se coaduna com o interesse nacional.


À Assembleia da Republica, que delapida uma parte considerável do erário publico sem que se entenda a sua utilidade, gozando de benesses incompreensíveis, estando acima, mas muito acima do cidadão comum, prestando-lhe um serviço sofrível, tantas vergonhoso, cuja Praça da Ribeira em nada fica desprestigiada, comparativamente. Pergunto-me; quantos deputados seriam necessários para fazer a “caca” que eles lá estão a fazer? Tomando em linha de conta que há deputados que não abrem a boca durante toda uma legislatura e que só lá estão para votar segundo as directrizes do partido e que bem poderiam ser substancialmente reduzidos e, assim, obviar custos, tão importante neste momento periclitante da economia. Isto, a bem do interesse nacional.


Dos partidos, que dizer? Muito e nada. Para mim, são cada vez mais como os clubes de futebol: defendem a cor, detêm-se sobejas vezes em questões menores, aviltam e desrespeitam o parlamento, proliferando e alimentando a chicana política, perante a indiferença deste povo mórbido que já está por tudo. Onde paira o interesse nacional?
O Poder Judicial, mas será que ele existe, ou nem por isso? Detenho que não. Constitucionalmente deveria ser um poder independente, interventivo, investigador, imparcial, julgando e punido severa e de igual maneira todos os prevaricadores. Não é assim, para mal de alguns de nós: a Lei não é realmente igual, nem cega, porque destapa sempre um dos olhos para castigar uns e mantém outro fechado para deixar outros incólumes. Estamos cheios de exemplos que nos constrangem e sem fim à vista. O interesse tem mesmo de ser nacional e não só de uns quantos.


E que espécie de empresários tem este país?: -os que se passeiam em grandes bólides, que têm brutas mansões, contas offshore inquantificáveis mas que regateiam 20 euros de aumento para o vencimento mínimo e entendem que a saída da crise passa pela redução do numero de feriados (temos dois acima da média europeia), como se isso seja a panaceia de todos os males. Mas esbanjando nos SPAS, nas rebaldarias da noite, nos casinos, nas festas de luxo, nos cruzeiros, etc. Em detrimento do desenvolvimento das suas empresas, da sua modernização, aumento de produção, maior rendibilidade, maior competitividade que o mesmo é que dizer: - fortalecimento da economia e bem-estar geral? . Isto é, a sobreposição do interesse pútrido das classes privilegiadas, sem beneficio do interesse nacional.


Por ultimo, e como não podia deixar de ser, uma palavra para os media, que exercem sobre nós uma pressão incrível onde embarcamos mesmo sem querer. Não me restam dúvidas que, hoje, a comunicação social (aliás, sempre foi) é altamente tendenciosa e serve clientelas, ainda que se arvore de imparcial, de servir a verdade e de cumprir ou reclamar os pressupostos constitucionais da livre expressão. E tantas opiniões negativas tenho ouvido ma imprensa deste país sobre os blogs, pela pena de doutos comentadores de opinião, como se estes fossem uma praga a abater, como se não existam bons e maus blogs, tal como bons e maus jornais, sendo tudo uma questão de opinião e de liberdade de expressão, que só aos leitores cabe julgar. O interesse nacional, em matéria de opinião, não se confina na imprensa e o 25 de Abril parece ter dado voz a todos, goste-se ou não e oxalá não se esgote.


Este mundo será o que os homens quiserem, se quiserem e quando quiserem. Se acordarem depois do almoço, pode ser tarde.


BOM ANO 2010