Interrogo-me, cada vez mais e cada vez com mais veemência, se me assiste o direito de levar este país a brincar, entrando no “faz de conta” em que se tornou a nossa vivencia, surripiando todas as razões que devia esgrimir como cidadão presente e, contrariamente, agir no sentido da defesa de uma posição consciente e consequente da denuncia do descalabro em que se tornou o nosso dia-a-dia, mormente o logro que representa o terem-nos, os políticos, como “coisa menor” no intervalo de todos os actos eleitorais, mas endeusando-nos nestes períodos muito concretos, como se todos sejamos pão para a boca, passando-nos totalmente de lado que no dia 28 de Setembro ou no dia 12 de Outubro voltamos a ser “carne para canhão”. Sinceramente, não vejo outra alternativa, e ainda que as mais diversas situações não me permitam outra postura, fico deveras apreensivo e preocupado com o rumo de tudo isto e não quero mais encapotar a ideia que detenho, com verdadeira raiva, que não escondo, da “palhaçada” deste Portugal confuso, atrasado, manietado e vilipendiado por pseudodemocratas que usam e abusam da nossa vontade, arvorando-se em arautos da liberdade. E, preocupa-me sobretudo, que este povo se disponibilize de forma perfeitamente irracional a dar cobertura a este mesmo vilipêndio constante.
Será possível que este povo continue entorpecido como se não lhe tenha bastado 48 anos do Estado Novo, continuando a apostar neste Novo Estado a que pouco falta para completar o mesmo período, sem soluções, sem inovação, sem desenvolvimento, sem provocar o bem-estar porque todos almejámos na noite do 24 de Abril?
Não me conseguem vender como única solução política o bipartidarismo, nesta sempre insistente ideia do bloco central, como se outras alternativas não se nos deparassem e o nosso fadário se esgote em ter de se votar num destes dois partidos para o bem colectivo.
E, nem sequer me vou deter a enumerar todos os escândalos de que temos sido contendores e que nos têm lacerado de forma contundente, infligindo-nos este castigo permanente que quase nos leva a acreditar que somos um país sem saída, tão-somente porque acredito que é chegada a hora deste povo se encontrar, pesando seriamente o seu passado recente, de literal falência a todos os níveis, e ponderar o futuro, que não se confina em nós, mas que pode ter gravíssimas repercussões nas gerações vindouras, de cuja responsabilidade não nos podemos demitir. E não haverá suficientes redenções ou actos de contrição para a verdadeira emancipação deste povo, enquanto não nos centrarmos neste princípio basilar; As governações do PSD e do PS já nos provaram, com elevados custos, ao longo de todos estes anos, aonde nos conduzem, o que me leva a repensar seriamente, porque abster-me ou votar em branco, nunca, a quem confiarei o meu voto nos próximos actos eleitorais.
Honra-me, cada vez mais, ser um homem de esquerda: um homem que viveu o pós guerra, o longínquo mas sempre presente ano de 1958 em que Humberto Delgado ganhou as eleições, os inolvidáveis anos sessenta; o Maio de 68, os Beatles, o Woodstock, a Guerra Colonial (na carne), a Ala Liberal de Sá Carneiro a Miller Guerra, as conturbadas eleições de 69 e 73 e uma quantidade infinda de outras situações político-sociais que talvez se não repitam mas que contribuíram enormemente para as grandes transformações que se operaram em Portugal. E nada do que citei me confere um estatuto especial, a não ser a deriva deste manancial de experiencia acumulada e que me permite não me rever nesta usurpação do poder a que assistimos, impávidos e serenos e por nossa exclusiva culpa, entregando deliberadamente em cada acto eleitoral o ouro ao bandido.
Sou e sempre fui apartidário mas desta vez voto Bloco de Esquerda. Coloco algumas reticências da sua capacidade de governação mas identifico-me com muitas das suas posições assumidas enquanto oposição, que me têm parecido sérias, eficazes e incisivas. É um voto na mudança!
Será possível que este povo continue entorpecido como se não lhe tenha bastado 48 anos do Estado Novo, continuando a apostar neste Novo Estado a que pouco falta para completar o mesmo período, sem soluções, sem inovação, sem desenvolvimento, sem provocar o bem-estar porque todos almejámos na noite do 24 de Abril?
Não me conseguem vender como única solução política o bipartidarismo, nesta sempre insistente ideia do bloco central, como se outras alternativas não se nos deparassem e o nosso fadário se esgote em ter de se votar num destes dois partidos para o bem colectivo.
E, nem sequer me vou deter a enumerar todos os escândalos de que temos sido contendores e que nos têm lacerado de forma contundente, infligindo-nos este castigo permanente que quase nos leva a acreditar que somos um país sem saída, tão-somente porque acredito que é chegada a hora deste povo se encontrar, pesando seriamente o seu passado recente, de literal falência a todos os níveis, e ponderar o futuro, que não se confina em nós, mas que pode ter gravíssimas repercussões nas gerações vindouras, de cuja responsabilidade não nos podemos demitir. E não haverá suficientes redenções ou actos de contrição para a verdadeira emancipação deste povo, enquanto não nos centrarmos neste princípio basilar; As governações do PSD e do PS já nos provaram, com elevados custos, ao longo de todos estes anos, aonde nos conduzem, o que me leva a repensar seriamente, porque abster-me ou votar em branco, nunca, a quem confiarei o meu voto nos próximos actos eleitorais.
Honra-me, cada vez mais, ser um homem de esquerda: um homem que viveu o pós guerra, o longínquo mas sempre presente ano de 1958 em que Humberto Delgado ganhou as eleições, os inolvidáveis anos sessenta; o Maio de 68, os Beatles, o Woodstock, a Guerra Colonial (na carne), a Ala Liberal de Sá Carneiro a Miller Guerra, as conturbadas eleições de 69 e 73 e uma quantidade infinda de outras situações político-sociais que talvez se não repitam mas que contribuíram enormemente para as grandes transformações que se operaram em Portugal. E nada do que citei me confere um estatuto especial, a não ser a deriva deste manancial de experiencia acumulada e que me permite não me rever nesta usurpação do poder a que assistimos, impávidos e serenos e por nossa exclusiva culpa, entregando deliberadamente em cada acto eleitoral o ouro ao bandido.
Sou e sempre fui apartidário mas desta vez voto Bloco de Esquerda. Coloco algumas reticências da sua capacidade de governação mas identifico-me com muitas das suas posições assumidas enquanto oposição, que me têm parecido sérias, eficazes e incisivas. É um voto na mudança!