sábado, 31 de outubro de 2009

GRIPE A, VACINA OU ROLETA RUSSA?

Diz o povo, na sua velha sabedoria, que entre dois males se deve escolher sempre o menor. O problema, que se pode transformar num verdadeiro dilema, é não saber bem como escolher entre a gripe A e a vacina, dado que parece não saber ninguém qual das duas será a menos aconselhável. Detenho que, em princípio é a gripe A, que me preocupa, mas interrogo-me se, eventualmente, se pode escapar dessa maleita e perecer estupidamente no pressuposto da evitar.
Nesta avidez de informação tenho bebido nas mais variadas fontes na expectativa de colher algo que considere suficientemente credível para a submissão aquela “inofensiva picadinha”, dizem uns, mas que não reúne consenso quanto à sua fiabilidade, e que o risco dos efeitos colaterais deve ser devidamente ponderado, dizem outros. E, postas as coisas desta forma, aqui estou eu totalmente embaralhado.
Francisco George, director-geral de Saúde, vacinou-se em directo na TV, dando pública prova da confiança que a mesma lhe inspira, dando o seu aval à inocuidade da mesma mas, admitindo que o fez por estoicismo de um governante que pretende confirmar as suas convicções com ideia que ela pode ser minimizadora, apesar dos riscos recorrentes, de um mal maior e, não o tendo por suicida, recordo que já vi políticos tomar banho no Tejo altamente poluído e beberem água á saída de centrais nucleares. Para provarem exactamente a mesma coisa; “Como podem verificar não existe perigo absolutamente nenhum”.
Mas se a vacina é tão segura porque será que tantos médicos e outros profissionais de saúde, incluindo enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde e da Linha de Saúde 24, pertencente aos grupos de elevado risco e prioritários, recusam a vacinação alegando que a vacina não foi devidamente testada?
A tese de conspiração política por parte da classe médica, de que já ouvi rumores, parece-me um enorme disparate. O que me parece é que eles sabem aquilo que nós não sabemos, ou não. Entretanto parece não nos restar outra alternativa que não seja; GRIPE, VACINA OU ROLETA RUSSA?

FACES OCULTAS? A CORRUPÇÃO USA BURKA QUE NINGUÉM OUSA DESTAPAR!

Dê por onde der, vá este país parar onde for, é de tal modo escandaloso o que se vai passando no seu quotidiano que, ao contrário do que seria racional, este pobre povo já não reage a nada. Bem, a nada, não é verdade; - sempre vai existindo a preocupação se o Benfica vai continuar na senda das vitórias e se é um putativo campeão, se o Sporting vai continuar a dar apoio a Paulo Bento, malgrado a prestação da equipa e se o “FÊQUÊPÊ” (Futebol Clube do Porto) vai perder a sua hegemonia nesta coisa extremamente importante que é o futebol, parte importantíssima da “alimentação” deste povo, porque o resto é pão, é desemprego e crise, o que não passa de trocos comparativamente a este sentimento altamente mobilizador.
Mas a verdade, é que não sendo eu defensor acérrimo de causas clubistas e, cada vez menos, de causas político/partidárias, prefiro o erro casuístico dos adeptos desportivos do que a apatia dos (mal) governados, que somos todos nós.
O caso, mais um, e acredito que ainda estamos na ponta do “iceberg”, da “Operação Face Oculta”, repugna-me embora não me cause estranheza. E muito mal está um povo quando as coisas mais ignóbeis se produzem todos os dias, sem que se reaja de forma firme e contundente.
Será que a Justiça, por uma vez, nos vai surpreender? Não acredito e, tendo em conta todos os casos mediáticos dos últimos anos (os que vieram à ribalta, claro), que nos demonstram a impunidade que grassa neste país, vamos ficar à espera que este seja mais um caso para cair rapidamente no esquecimento e que, como já nos vamos habituando, prescrevam ou sejam arquivados, por falta de provas, os respectivos processos.
Que coisa tão estranha; - que um povo se sinta tão ofendido com a deseducação de uma qualquer Maité Proença e que seja indiferente ao “cuspo” fétido destes senhores que no afectam a moral, o bem-estar e se assenhoram descaradamente do que nos pertence, perante a mais atroz das passividades. Cada vez perfilho mais que só temos o eu merecemos.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

...IMPORTANTE É QUE A SOLIDARIEDADE NÃO SEJA PALAVRA VÃ

Dia 5 de Junho de 2008, recebi a pior notícia que uma mãe pode receber, a Nídia, a minha filha mais nova (21 anos na altura), jovem estudante de Medicina Veterinária, tinha Leucemia com muito mau prognóstico, seguia-se o tratamento protocolar para o tipo de Leucemia diagnosticado, oito ciclos de quimioterapia, alternadamente em internamento e ambulatório.
Apesar de alguns percalços pelo caminho, esta fase passou e a Nídia entrou em remissão completa tendo tido alta médica no dia 26 de Dezembro. Seguiam-se dois anos de tratamento de manutenção, período em que as probabilidades de recaída são muito grandes.
Decorreram 8 meses de alegria pela nova oportunidade de vida e de angústia pelo medo da recaída.
Infelizmente as notícias não são as melhores e por isso venho agora pedir o que nunca pensei ter que pedir.
A recaída confirmou-se e neste momento a única possibilidade de cura é o transplante.
Os "se" são muitos.
Se a Nídia ultrapassar a quimioterapia, se o organismo dela reagir e entrar em remissão, se encontrarmos dador, se ela resistir ao transplante, se...
Neste momento sentimo-nos verdadeiramente impotentes e inúteis. As únicas coisas que podemos fazer são pedir ao maior n.º de pessoas possível que se inscrevam como dadores de medula, aumentando dessa forma a possibilidade de se encontrar um dador compatível para a Nídia (ou para tantas outras Nídias por aí...).
Custa alguma coisa para o dador? Nada! Só os 10 minutos que se perde na inscrição, em que são recolhidas amostras de sangue como para as banais análises sanguíneas.
Em todo o processo o risco para o dador é inexistente.
Encontrando-se um dador compatível, o processo de transplante é simples. Durante 2/3 dias o dador recebe injecções de Factor de Crescimento, uma substância produzida pelo nosso organismo que provoca o aumento de células-mãe (as células que se encontram na medula e dão origem às várias células sanguíneas).
No dia do transplante, é retirado sangue ao dador como para uma doação de sangue e numa máquina exterior separam-se essas células-mãe em abundância do restante sangue. Dói? O mesmo que uma picada para fazer análises... Que irá salvar a vida de alguém.

Filomena Mendes
Av. 5 de Outubro, 35 - 1.º
1069-193 LISBOA
Telef.: 213164700 - Fax: 213579986
serv.admin@cip.org.pt
http://www.cip.org.pt/
INFORMAÇÕES GERAIS:
PRINCIPAIS CONDIÇÕES PARA SE INSCREVER COMO DADOR:
- Ter entre 18 e 45 anos - peso mínimo de 50kg - ser saudável - nunca ter recebido transfusões
Não precisa de estar em jejum.

O QUE SE FAZ NA INSCRIÇÃO PARA DADOR:
- É necessário apresentar o BI/cartão de cidadão quando se vai inscrever como dador
- preenche-se formulário
- pequena colheita de sangue (12 ml)

RECOLHAS PERMANENTES A NÍVEL NACIONAL
CENTRO DE HISTOCOMPATIBILIDADE DO SUL

Alameda das Linhas de Torres, 117 (dentro da cerca do Hospital Pulido Valente)
1769-001 LISBOA PORTUGAL

Telf. +351 217 504 100 - Fax. +351 217 504 101

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO CEDACE:
Segunda a quinta-feira das 8 ÀS 16 horas - Sexta-feira das 8 às 15 horas
(é possível entrar e estacionar o veículo dentro do recinto hospitalar)

O TENENTE-CORONEL PILOTO-AVIADOR, BRANDÃO FERREIRA CONTINUA AGARRADO AO PASSADO

Já tenho ouvido muitos disparates proferidos por este “herói” Nacional que nem sequer pôs os pés na Guerra Colonial e, tudo quando debita emerge do facto de ter sido um oficial de carreira que viveu aquele período conturbado da história de Portugal sentado nos estados-maiores a engendrar estratégias para serem aplicadas no terreno onde, por consequência das mesmas, morreram e ficaram estropiados, física e psicologicamente, em quase duas décadas de conflito, um número considerável da nossa juventude (decénios 60/70). Felizmente que para “tranquilidade” da nação, essas gerações, muitos deles, intervenientes forçados nessa guerra sem sentido, estão cada vez mais próximas do fim, permitindo o aliviar das consciências dos senhores da guerra, dos políticos do passado e, mais grave, dos políticos do presente, onde se inclui Brandão Ferreira, não lhes tendo ouvido nunca um elogio, ainda que não lhe desse qualquer importância, aos anónimos que constituíram os muitos contingentes militares enviados para as colónias, que foram o suporte inconsciente do regime até Abril de 1974.
Curiosamente, não tendo Brandão Ferreira combatido naquela guerra de má memória, continua a defender no seu livro “Pátria, um Portugal do Minho a Timor) valores anquilosados, sem abordar com coragem e inteligência, uma questão de subido interesse nacional à época, que vem desenterrar agora, com um argumento moribundo de que os portugueses perderam «liberdade estratégica» e ficaram «enfraquecidos e divididos como comunidade», transparecendo desta sua intencional afirmação que, volvidos muitos anos, ainda não entendeu os ventos da história, numa transmutação constante e inevitável. Liberdade, a nossa, a do povo não existia, o que quer dizer que essa liberdade estratégica a que se refere só existia no seio de uma elite que tudo tinha e tudo decidia. E, hoje, volvidos 35 anos, a liberdade estratégica não se perdeu, ao contrário do que afirma, porque ela se mantém bem viva para as elites; outras, na verdade, mas elites, sendo uma realidade que estamos mais enfraquecidos e divididos como comunidade, não por termos entendido a inevitabilidade da liberdade dos povos africanos que então dominávamos, mas fundamentalmente porque não temos tido políticos à altura de fazer florescer este país, redimensionando-o e engrandecendo-o, aproveitando todas as potencialidades ao nosso alcance. Hoje, como ontem, somos um país agarrado ao passado e à sua história, não tendo capacidade para extrair dela os ensinamentos que a mesma nos proporciona, dissecá-la e aproveitar o seu melhor em prol do desenvolvimento.
Brandão Ferreira opina que «Portugal fez uma guerra justa e, além disso, tinha toda a razão do seu lado». Só que aquilo que considera justa e plena de razão é, quanto muito uma opinião pessoal, infelizmente partilhada por uns quantos militares profissionais, seguidores exacerbados de uma política ultramarina cega e fora do tempo, pelos grandes interesses económicos instalados e, compreensivelmente para mim, por uns milhares de portugueses que foram espoliados e que demandaram terras africanas na expectativa de uma melhoria de vida que a metrópole lhes não oferecia e que, também eles, foram vítimas do sistema.
Afirma, em defesa da justeza da Guerra Colonial: «Por aquilo que é secundário, negocia-se; pelo que é importante, combate-se; pelo que é fundamental, morre-se».
E eu contraponho achando: que com aquilo que é secundário, não se perde tempo; pelo que é importante negocia-se; pelo que é fundamental, combate-se. Mas e sempre através do diálogo e nunca dentro do contexto que preconiza o Sr. Tenente-coronel, porque a sua visão é bélica e, talvez por essa aberração de Salazar e do seu séquito militar, para os quais África sempre foi assunto tabu e a pátria não se discutia, que a situação chegou a um patamar que não permitia outra saída.
Apostava a minha vida que Brandão Ferreira nunca provou uma ração de combate (a menos que o tenha feito na messe de oficiais, por mera curiosidade, antes de lhe servirem caviar). Sabe lá Brandão Ferreira o que é uma “marmita” ou uma “bailarina” (mina anti-carro e mina anti-pessoal), a não ser através dos filmes a que naturalmente assistiu no conforto das reuniões dos “cabecinhas de ouro”. Sabe lá Brandão Ferreira o que era estar 24 meses na mata, o que é ver morrer miúdos de 20 anos todos os dias, em suma, o que é sofrer as agruras de uma guerra sem solução.
No entender do autor, impõe-se «conseguir um conjunto elaborado de conhecimento que permita que a nação portuguesa caminhe para um futuro assente em bases sólidas e verdadeiras e não sobre falsos postulados». E, sobre isto, não posso estar mais de acordo. Portugal tem mesmo, com a maior urgência, de caminhar nesse sentido; - com políticas objectivas, com políticos cuja eloquência não seja a das palavras bacocas e a do compadrio mas a de servir o país; uma justiça “justa” e célere, a erradicação da pobreza, traduzida numa partilha mais equilibrada da riqueza, a procura constante de uma luta sem quartel que possa conduzir a que Portugal não seja, cada vez mais, o país dos pequeninos (quanto mais aumentam os pequeninos, maiores vão sendo os grandes) e que trilhe o caminho do desenvolvimento para o bem-estar comum, tendo a capacidade, que nasce sempre do exemplo, de mobilizar toda a nação nesse empreendimento, sem complexos da sua dimensão nem da perda do seu império. O Passado já foi, o presente está aí e é péssimo e o futuro é não perder tempo a falar do que se perdeu ou do que se poderia ter ganho. Falar do futuro é projectar e agir em conformidade com o queremos ser amanhã. Já perdemos muito tempo e há que arrepiar caminho isso, sim, A BEM DA NAÇÃO!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

QUANDO A FICÇÃO ROÇA A REALIDADE


Uma comitiva do Parlamento Europeu, a convite de Sócrates, visita uma escola modelo no nosso país maravilha. Numa sala da primária cheia de jornalistas a ensaiada professora com ambição a uma futura boa colocação,
Pergunta aos alunos:
- Onde existe a melhor escola?
- Em Portugal. - Respondem todos.
- Onde existe o Magalhães, o melhor portátil do mundo?
- Em Portugal. - Respondem.
- E onde há os melhores recreios da Europa?
- Em Portugal. - Respondem mais uma vez.
- E onde existem as melhores cantinas, que servem os
melhores almoços, com boas sobremesas?
- Nas escolas de Portugal!
A professora ainda insaciada, continua:
- Onde é que vivem as crianças mais felizes do mundo?
- Em Portugal! - Respondem os alunos com a lição bem estudada.
Os tradutores lá iam informando a comitiva estrangeira que, cépticos,
abanavam a cabeça.
Nisto, uma garota no fundo da sala começa a chorar baixinho.
Com as televisões em directo, Sócrates, para impressionar
convidados e jornalistas, pondo-se a jeito para as câmaras,
resolve acudir à menina perguntando-lhe:

Que tens minha Menina
Resposta imediata da menina, soluçando:

- QUERO IR PARA PORTUGAL!!!!!!!!

domingo, 4 de outubro de 2009

OBAMA E A EDUCAÇÃO...A DIFERENÇA DO DISCURSO QUANDO NEM SÓ DE MAGALHÃES VIVE A ESCOLA!

Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.
Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.
A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."
Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.
Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.
No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.
E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.
Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.
Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.
No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.
E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.
Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.
Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.
Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.
Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.
Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.
Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.
A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.
E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.
Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade.
E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.
A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.
É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.
Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.
No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."
Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.
Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.
Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.
E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.
A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor.
É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.
Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?
As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes.