sábado, 25 de julho de 2009


" EU CONTINUO A SER APENAS
UMA COISA-
UM PALHAÇO.
O QUE ME COLOCA A UM NIVEL
BEM MAIS ALTO
QUE O DE QUALQUER
POLÍTICO"

Charles Chaplin

comediante (1889-1977)



NÃO POSSO DIZER MAL DO GOVERNO

Já me encontrava numa situação de franco desespero e todas as noites quando pousava a cabeça na almofada, para não dormir, sim, porque o longo período de desemprego que há muito me atormentava, não me deixava pregar olho, passando-me pela cabeça durante a longa e habitual vigília as coisas mais inverosímeis que alguma vez se me tinham aflorado as ideias.
Quantas vezes me tentaram ao suicídio; as caixas dos medicamentos pululavam por cima da cama. Quantas vezes pensei em dar um tiro num parietal ou mesmo afogar-me no rio que avisto daqui da minha janela, à beira do qual tenho queimado tanto deste tempo de quem não tem nada que fazer e que se martiriza absorto em pensamentos hediondos.
O universo de todas as minhas más ideias preenchia-me por completo e assanhavam-se horrivelmente, de cada vez que o relógio da igreja batia as horas, obrigando-me à lembrança do muito tempo em que já não me passava qualquer sólido pelo meu estômago.
Mas fui sempre resistindo a todas as tentações, compensando-me nas memórias que guardo do passado. Dos bons velhos tempos. Do tempo em que a vida me ia esboçando alguns sorrisos e tinha casa, trabalho, família e, ironia, até tinha uns tostõezinhos aferrolhados para o que desse e viesse.
Ah, mas não me valeram só esta força que me sustinha quando me agarrava às lembranças das coisas boas que já havia vivido. Os amigos deram-me uma ajuda prestimosa que não se traduziu, nunca, em oferecerem-me um prato de sopa. Nada disso, nem eu sou homem para reparar nessas coisas. Os amigos foram muito mais longe do que isso, o que me ajudou a sair do marasmo em me encontrava e sem, graças aos quais, poderia nunca mais ter saído.
Os amigos eram consequentes e sempre muito presentes quando me encorajavam a sair do buraco e diziam-me coisas maravilhosas que denotavam a sua insuspeitada solidariedade, tais como: «não desanimes, a tua situação há-de melhorar», ou «não te levo a jantar lá a casa porque conheces o feitio da Irene» e ainda; - «sabes que o mundo foi sempre assim, feito de ricos e pobres» e, entre tantos outros bem-intencionados conselhos, há um que se me instalou nas meninges e acabou por transformar toda a minha vida. Um desses amigos, ouso mesmo classifica-lo o melhor de entre todos, que é escriturário na Câmara Municipal cá do concelho, instou-me; - «anda daí. Vem comigo que vou-te apresentar umas pessoas do partido e vais ver como as coisas vão melhorar. Não te esqueças, é importante, que estejas de acordo com tudo o que eles te disserem e, mais importante ainda, que te filies como militante».
Não é por acaso que passei a ver esse meu amigo (e o partido, claro), como meus anjos da guarda. Ser militante do partido que governa, minha nossa senhora….
Dois anos, entretanto, se passaram. Lapso de tempo em me entreguei de alma e coração à causa: colei cartazes, fui a todos os eventos para dar apoio voluntário (sempre em excelentes auto-pulman e com comida à descrição); assistia as todas as assembleias municipais, onde batia palmas nas intervenções dos meus camaradas e, onde fosse o nosso secretário-geral, lá estava eu sempre com a bandeira bem arriba.
Certa noite, estava eu a despejar uns cinzeiros na secção do partido, quando bateu à porta um senhor muito bem-parecido que, pelo desenrolar da conversa, me apercebi que era o maior ferro-velho aqui do concelho, proprietário de um enorme estaleiro situado nuns terrenos baldios. O meu amigo, do qual por acaso ainda não citei o nome, mas que posso adiantar que se chama José Canastrão, puxou-me para um canto e segredou-me; Este também é militante do partido e unha com carne com o Presidente da Câmara. Vende de tudo.
Como há muito se havia instalado em mim a vontade de ser senhor do meu destino, quero dizer, de montar o meu próprio negócio, vi imediatamente ali a oportunidade de dar corpo a esse meu projecto e, se bem o pensei, mais rápido me pus em acção: - pedi ao Canastrão para mo apresentar e achei um piadão quando me estendeu a sua mão sapuda, apertando-me fortemente os dedos e balbuciando; - «António, camarada, mais conhecido pelo “rei do latão”», soltando uma estridente gargalhada. Um tanto hesitante, lá lhe expliquei o que pretendia, exultando com a minha ideia, perguntando se não teria uma roulotte em bom estado para vender. A resposta foi rápida e no dia seguinte eu estava diante do que seria a consumação do meu sonho; - ter uma roulotte para venda de vinhos e petiscos, localizada à beira do rio, onde tantas vezes me senti desesperado e onde carpi toda uma adversidade que parecia não ter fim.
Surpresa, foi a atitude do camarada António, “o rei do latão” como gostava de ser tratado. Na hora de acordar o preço e a forma de pagamento, deu-me uma suave e amistosa palmada no ombro, retendo a sua mão por momentos, estremecendo-o em acto de embalar, dizendo-me com uma convicção desmedida; - «ainda vais ser alguém o que te permitirá que tenhas muito tempo para me pagar. O teu futuro é no partido e ainda te hás-de rir quando te lembrares da barraca das farturas». Dos vinhos e petiscos, emendei a medo, não fosse ferir a sua susceptibilidade, até porque tinha presente que o Canastrão me tinha avisado desde o inicio que o importante era dizer sempre que sim a tudo (e todos, como é evidente).
A minha vida, daí em diante, corria vertiginosamente.
- O Presidente da Câmara disponibilizou as oficinas da edilidade, onde a roullotte foi reparada em tempo recorde e ficou um brinco.
- No centro de reprografia do partido foi uma azáfama, conceber e imprimir a publicidade que inundou o concelho, a anunciar a inauguração.
Mas extraordinário, que quase me comoveu até as lágrimas, foi mesmo o contrato de exploração do espaço que ocupei na zona fronteira ao rio, exarado pela entidade que administra as orlas ribeirinhas. Com a idade que tenho e, pela sempre hipotética esperança de vida que se tem nesta idade, quaisquer 27 anos de concessão me tornaria um homem satisfeito. Assim não foi entendido por quem decidia e, excluindo algumas clausulas do contrato e seus anexos, que ambos os outorgantes não estavam autorizados a revelar por questões de segredo comercial, limito-me a fazer eco do que é já do conhecimento publico através da sempre mais que inconveniente comunicação social, não deixando aqui de afirmar que este negócio se revestiu da maior transparência, tendo sido salvaguardados os interesses de ambas as partes, com especial relevância para os interesses do Estado, cujo erário jamais será beliscado.
O Governo, defende quem é empreendedor, daí a razão de algumas cláusulas que só um cego não vê nem entende, provocarem uma escaramuça. Está no bom caminho.
O prazo de concessão é realmente vitalício, mas pretendeu o Estado, conjuntamente ao resguardo dos seus interesses, proteger a minha família que assim se verá distante do desemprego. Além de que é uma justiça e o reconhecimento de um mérito que me cabe por inteiro, pois que enquanto muitos dormiam ou faziam outras coisas, eu fartei-me de colar cartazes e nunca disse que não a nada nem a ninguém.
Consta ainda do contrato o direito a “lucros cessantes”. Ou seja, a autarquia terá sempre de me indemnizar sempre que a natureza tenha uma birra ou os aviões que sulfatam os campos passem com as torneiras a pingar aqui por cima e não me permitam o normal funcionamento do estabelecimento.
Tirando uma ou outra rixa e algumas discussões que se verificam ao redor da roulotte, a que sou indiferente por saber que aquilo são provocações de elementos de outros partidos, estou francamente animadíssimo; - a minha vida inverteu-se totalmente porque não desanimei, o mundo continuará a ser composto por ricos e pobres, já janto vezes sem conta em casa do meu amigo e a Irene recebe-me de braços abertos. O importante é mesmo ter amigos e se estiverem no governo há que estimá-los.
A única coisa que me constrange é quando dão as horas no sino da igreja e olho para um pobre coitado, ali sentando há dias à borda do rio, possivelmente desempregado, desiludido e de estômago vazio.
PS: Esta prosa é pura ficção pelo que qualquer comparação com pessoas ou acontecimentos é pura coincidência.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

ESPELHO MEU, DIZ-ME SE PODERÁ EXISTIR UM 1º MINISTRO MELHOR DO QUE EU?

Já não me restam dúvidas que não existiu nenhuma metamorfose, quando Sócrates nos parecia ter passado de “animal feroz” a gatinho ron-ron. O que eu penso é que ele passou-se mesmo da boneca o que, diga-se em abono da verdade, o torna ainda mais perigoso; - é que continua com toda a sua ferocidade, encapotado de bichano dócil, com a agravante de ainda não ter recuperado do revés sofrido nas europeias, provocando-lhe um estado patológico deveras preocupante.
«Está para nascer o primeiro-ministro que tenha feito melhor do que eu no deficit», afirmou com aquele ar convencido de quem já está habituado a pregar aos camelos.
Claro que está para nascer, sem dúvida, porque ninguém pode fazer o que quer que seja se ainda não existe, ou Sócrates mistura o futuro com o passado sem se dar conta de tal incongruência?
Mas se na verdade nos ultrapassa o que nos reserva o futuro, o mesmo não nos podemos permitir dizer do presente e do passado. E aí já tivemos tempo suficiente para conhecer José Sócrates de ginjeira.
A contenção do deficit foi feita a que preço e sobrecarregando quem e como enfrentam a crise?
Foram gastos 125 milhões dos 980 milhões de euros disponibilizados para combater a crise, o que representa que o Governo só executou 13 por cento da despesa prevista no plano.
No total, a despesa que o Governo já realizou para combater a contracção da economia e a subida do desemprego corresponde a uma taxa de execução de 12,8 por cento. Para áreas importantes do plano anti-crise, como o apoio às exportações e às Pequenas e Médias Empresas e a injecção de capitais em fundos de reestruturação industrial e de apoio ao investimento das empresas não há ainda qualquer contabilização de verbas executadas.Por aqui se pode verificar a enorme preocupação de estabilizar a economia, quando o Governo abre os cordões à bolsa rapidamente para injectar dinheiro no BPN, quando assina contratos de lesa estado com a empresa do seu camarada Jorge Coelho e faz uma serie de outros malabarismos que por tão corriqueiros se terem tornado, nos limitamos já a encolher os ombros e a praguejar: - mais um!
E como foram realmente estes quatro anos de governação?
Por tão negativos e exaustivos não me vou espraiar na sua enumeração, além de que são suficientemente conhecidos publicamente, mas não posso de salientar aqui um pormenor que me parece de grande importância:
Aí está o PS pronto para se apresentar a eleições com um programa eleitoral acabadinho de cozinhar por uma equipa encabeçada pelo Cozinheiro-chefe António Vitorino. Aliás o mesmo que cozinhou o anterior. Acontece que a ementa estava carregada de pratos apetitosos e muitos acepipes, mas o sr. Engenheiro meteu-nos a pão e água e, como estou desconfiado que a nova ementa é de comida requentada, aquela “panela” não me merece confiança. Vou comer fora!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O ATESTADO MÉDICO - Por José Ricardo Costa, professor de Filosofia

Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e vai ter de fazer uma vigilância. Continue a imaginar. O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso no elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa.
Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta. Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso convém justificá-la. A questão agora é: como justificá-la?
Passemos então à parte divertida. A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico. Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doença poderá justificar sua ausência na sala do exame. Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a ser hilariante.
Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidade do padre Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. Os mesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso da TVI.
O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regional sabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está doente.
O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.
Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente.
Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente. Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade.
Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade. Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados.
Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho a ver o 'ET', que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões. O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade. Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo desde D.Afonso Henriques, que Deus me perdoe.
A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados. Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões para falar verdade. Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal.
Fica ofendida se eu digo isso é para a ajudar, para que possa disfarçar a nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei.
Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que assim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e com vidas de sonho.
Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade.
Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros. Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.
Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo.
Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico. É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.

Publicado no semanário O Torrejano.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

MENINA DISTRAIDA, OU TEM PAIS QUE FAZEM PARTE DAS FORÇAS OCULTAS?

Uma comitiva do Parlamento Europeu a convite de Sócrates e da sua Ministra Lurdinhas, visitam uma escola modelo no nosso país maravilha.
Numa sala da primária cheia de jornalistas a ensaiada professora com ambição a uma futura boa colocação, pergunta aos alunos:
- Onde existe a melhor escola?
- Em Portugal. - Respondem todos.
- Onde existe o Magalhães, o melhor portátil do mundo?
- Em Portugal. - Respondem.
- E onde há os melhores recreios da Europa?
- Em Portugal. - Respondem mais uma vez.
- E onde existem as melhores cantinas, que servem os
melhores almoços, com boas sobremesas?
- Nas escolas de Portugal!
A professora ainda insaciada, continua:
- Onde é que vivem as crianças mais felizes do mundo?
- Em Portugal! - Respondem os alunos com a lição bem estudada.
Os tradutores lá iam informando a comitiva estrangeira que
abanava a cabeça, cépticos.
Nisto uma garota no fundo da sala começa a chorar baixinho.
Com as televisões em directo, Sócrates, para impressionar convidados e jornalistas, pondo-se a jeito para as câmaras, resolve acudir à menina perguntando-lhe:

Que tens minha Menina?
Resposta imediata da menina, soluçando:

- QUERO IR PARA PORTUGAL!!!!!!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

DON CORLEONE

TERMINAL DE ALCANTARA: OS CONTENTORES NÃO SÃO TRANSPARENTES!

O soma e segue de um laxismo sem precedentes está instalado no nosso dia-a-dia, como já aqui aflorei um monte de vezes, sem que em nenhuma delas lhes tenha dado qualquer novidade. Eu sei!
Grave é na verdade que ele comece a tomar contornos de uma inevitabilidade que nos caustica, mas que já encaramos de tal forma como rotineira, ao ponto de nos deixarmos arrastar por este maldito torpor que redunda num sentimento de frustração de quem não consegue alterar o estado lastimoso a que chegou este país.
De todos os casos mediáticos pendentes na justiça não temos nem um resolvido mas, todos os dias surge um novo caso para engrossar este caudal de pouca vergonha que flui assustadoramente da impunidade dos prevaricadores, parecendo mesmo estar a tornar-se num “jogo” a ver quem consegue infringir a lei com mais requinte; - quem consegue faze-lo com maior rapidez e argúcia; quem consegue delapidar melhor e mais instituições e empresas; quem consegue, sub-repticiamente, arrecadar o maior pecúlio oriundo do nosso dinheiro. Ou seja; - é assim como o jogo da bolha, onde metem o nosso dinheiro sem nos convidarem e onde eles ganham tudo e nós ficamos a chupar no dedo!
Trabalho, ao Ministério Publico, não falta e estamos ansiosos de que o faça bem.
Desta feita, prepara-se para investigar mais um caso polémico sobre o Terminal de Contentores de Alcântara, cujo Contrato de Exploração foi prorrogado por mais 27 anos à Liscont (empresa do Grupo Mota-Engil, liderado pelo socialista Jorge Coelho) pelo Ministério das Obras Publicas de Mário Lino, em 2008.
A abertura deste inquérito por parte do Ministério Publico vem na sequência de uma Auditoria do Tribunal de Contas feita à Administração do Porto de Lisboa (APL), relativamente ao negócio que esta encerrou com a Liscont em Outubro de 2008, indiciando que os interesses do Estado não foram salvaguardados, dado que para o mesmo nem sequer existiu concurso publico e com base em projecções económicas consideradas duvidosas.
Envolvidos neste negócio estiveram em Abril de 2008, pelo Estado, os ministros das Finanças e das Obras Publicas e a APL, a Refer, a Tertir, e a Liscont.
Mário Lino não faz comentários à investigação e Jorge Coelho limita-se a remeter o assunto para a Liscont, afirmando nada ter a ver com o proceso. É a chamada pescadinha de rabo na boca.
Não obstante o Tribunal de Justiça da União Europeia não admitir a prorrogação de contratos de execução continuada, defendendo que, nestes casos, se realizem novos contratos para que não seja violado o princípio da concorrência, o escritório de Advogados Viera de Almeida não perfilha esta posição, achando que a prorrogação dos contratos não compromete as garantias da concorrência e transparência. Mais pescadinha de rabo na boca.
A verdade é que a opacidade de todos os casos que estão na “ribalta” é mais que muita e vamos continuando a assistir a negócios marginais, que beneficiam sempre os mesmos em detrimento dos reais interesses do país e dos seus cidadãos. E não tenhamos a ilusão de há fim à vista, enquanto a justiça não funcionar em pleno e enquanto uns quantos tubarões não forem exemplarmente punidos.
Quanto aos políticos, o destino do pais continuará seriamente abalado e cada vez mais comprometido, enquanto, nós os eleitores, não formos capazes de lhes dizer basta, ainda que seja através do voto, mas admitido que existem alternativas de governação que não se esgotam nos partidos que já, eles sim, esgotaram todas as fórmulas que se mostraram iníquas em mais de 30 anos de governação.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

CTT - OS CAVALOS TAMBEM SE ABATEM!

Perante tantas novelas que parecem eternizar-se e cujo final não se vislumbra: Casa Pia, Freeport, BPN, BPP, entre outros, já nada parece surpreender-nos quando em cada dia surge um novo caso.
As ilicitudes sucedem-se vertiginosamente como se as mesmas, hoje, sejam tão naturais como o nascer do sol.
Tal como no Brasil ou em Portugal a produção de telenovelas vai de vento em popa, embora estas a que me refiro sejam mais semelhantes com as mexicanas e aqui exista uma diferença de monta: É que os protagonistas estabelecem o “cachet” e pagam-se a si mesmo.
Desta feita, existem mais de 20 casos em investigação, por indícios claros de ilícitos criminais que envolvem actos de gestão dos membros do Conselho de Administração dos C.T.T.; entre 2002 e 2004 – Carlos Horta e Costa, Manuel Batista, Luís Centeno Fragoso, Gonçalo Leónidas da Rocha e Vera Patrício Gouveia.
Já em Janeiro de 2008, Marinho Pinto havia alertado para a existência de corrupção no poder político (situação que de todo, todos desconfiamos desde sempre), denunciando o negócio do prédio de Coimbra tendo, no entanto, recusado citar nomes, mas não deixando de apontar responsabilidades a dirigentes do P.S. e P.S.D. de Coimbra que envolvia a venda de um prédio do Estado a uma empresa privada que, no mesmo dia, voltava a vende-lo por mais 5 Milhões de euros.
Fica-se agora saber que, para além da alienação do referido edifício, há notórias suspeitas dos crimes de administração danosa, corrupção, tráfico de influências, fraude fiscal, entre outros, emergentes da extinção do Banco Postal em parceria com a Caixa Geral de Depósitos – relançando de seguida essa parceria com o Banif -, a renovação da frota de Mercedes da Administração, a contratação de quadros de quadros com remunerações acima da média, a alienação da frota automóvel dos CTT à SLN/BCP, um donativo à Câmara Municipal de Gaia e até despesas de decoração dos gabinetes dos membros do Conselho de Administração, entre uma panóplia de outros casos, entre os quais, um pedido em numerário à Tesouraria Nacional no valor de Um Milhão de euros, para completar a escritura do prédio de Coimbra.
Para florir mais este escândalo, José Manuel Grácio, membro da Maçonaria, em conversa com Júlio Macedo, um dos arguidos no processo, afirmou-lhe; «Vou saber quem tem o caso dos C.T.T. e dou cabo dos gajos» deixando claro que iria recorrer aos seus «muitos amigos» na polícia para tratar do caso.
Este é só mais um caso e, tal como em todos os outros, pode-se concluir com bastante facilidade a promiscuidade existente entre maçons, políticos, banqueiros, autarquias e muitos agentes económicos/empresariais, que são um evidente e preocupante cancro na nossa sociedade.
Não há fim à vista e outros casos despontarão como cogumelos, enquanto Portugal se encontrar num latente “Estado de sítio” social, económico, político e judicial.
Enquanto os políticos legislarem no sentido do claro proteccionismo de interesses muito específicos, este país não passará da cepa torta.
Eu, que até tenho sido controverso relativamente a algumas afirmações de Marinho Pinto, não posso estar mais de acordo com ele quando afirma que a lei em Portugal não é igual para todos.
Eu pergunto: ATÉ QUANDO?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

TOURADA, CIRCO E OUTROS ESPECTÁCULOS DEGRADANTES NA A.R. (ARENA RIDICULA)

Ontem “deveria” debater-se, na A.R., o Estado da Nação (e que estado e que nação) e, ao que os deputados já nos habituaram, esperava-se um óptimo espectáculo circense de fazer inveja a qualquer Cardinali, Chen ou mesmo do “Cirque du Soleil”. Para gáudio do auditório nacional o esmero na apresentação do espectáculo excedeu todas as expectativas; - além dos habituais predigiditadores, malabaristas, palhaços e outras artes correlativas, ontem estava-nos reservada uma surpresa, e que surpresa – Manuel de Pinho surpreendido com uma “faena” oriunda da bancada do PC (Partido Comunista), exibiu ostensivamente as “suas” pontas, tentando colocar o diestro “en su sitio”.

Todas as quadrilhas manifestaram o seu desagrado e barafustaram, pelo que o hasteado saiu do recinto, interrompendo a lide, obrigando o “maioral” a apresentar desculpas.

Mas, senhoras e senhores, estimado público, não saiam dos seus lugares, porque o espectáculo vai continuar. E assim foi:

Tudo continuou como sempre e da forma habitual; - o entretenimento foi total, com os costumeiros malabarismos, ilusionismos e diversos “stand-up” que nos conseguem tirar do sério.

O verdadeiro, interessante e urgente debate da nação, mais uma vez, ficou por fazer de forma séria e inspiradora da retoma da confiança na classe política por parte deste povo que se vai ver confrontado com dois actos eleitorais, não sabendo ao certo se vota no Popov , no Anhuca ou no Emilita. (com a salvaguarda e admiração que me merecem estas três grandes e incontornáveis figuras do mundo do espectáculo). Uma coisa é certa, os políticos que se cuidem antes que nos fartemos de ir ao circo.