terça-feira, 30 de dezembro de 2008

UM VISIONÁRIO (Ele já sabia o que eram as instituições bancárias)


"Penso que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que exércitos inteiros preparados para o combate. Se o povo américano permitir um dia que os bancos privados controlem o seu dinheiro, os bancos e todas as instituições que vão florescer à volta dos bancos vão privar as pessoas de todas as suas propriedades, primeiro pela inflação, depois pela recessão, até ao dia que os seus filhos irão acordar sem casa e sem tecto, na terra que os seus pais conquistaram."

Thomas Jefferson 1802

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

FÓRUM DAS ESQUERDAS - E AGORA MANUEL ALEGRE?

Manuel Alegre, doa a quem doer e resulte daí o que resultar, tomou uma posição ontem que inevitavelmente já agitou, principalmente, as hostes do Partido Socialista, ainda que José Sócrates tenha afirmado que o encontro do Fórum das Esquerdas «não incomodou, não incomoda, nem tenho nenhum comentário a fazer sobre isso». Uma coisa é quase certa; Sócrates deve ter tido ontem a pior de todas as suas insónias, porque tem total consciência de que 2009 lhe vai ser adverso na governação, o que já lhe daria água pela barba e, ainda por cima, a ter sido este fórum o embrião de um partido, de uma ampla frente de esquerda, ou qualquer outra coisa que venha a desenhar-se, a concretizar-se e apresentar-se como alternativa ao P.S., uma coisa terá como certa; - é que a ser assim, nada será como dantes e a maioria estará, para já, ferida de morte. E Sócrates não tem traquejo para governar sem maioria.
Mas deve ter havido ontem, ao que parece, mais gente no PS a ter de tomar o seu “Xanax” para se tranquilizar.
Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira que não têm feito outra coisa senão invectivar Manuel Alegre pelas sucessivas e compreensíveis posições que este tem vindo a tomar face às políticas desastrosas do P.S., (não sendo Manuel Alegre, caso único no Partido Socialista), surgem agora, o primeiro, Ministro dos Assuntos Parlamentares, a dizer «não entender a ideia de Manuel Alegre para criar uma convergência à esquerda. Na sua opinião é «incompreensível» que a esquerda se una contra a esquerda» e Pedro Silva Pereira, Ministro da Presidência, afirmar que «Percebo mal a ideia de haver uma convergência das esquerdas contra a esquerda, particularmente contra o PS que está no Governo». E, acrescenta ainda este último, «Não é pensável uma convergência das esquerdas sem as forças maiores da esquerda portuguesa e, sobretudo, sem um projecto de construção de algo positivo e que não seja apenas um projecto contra a força maior da esquerda democrática portuguesa».
O que se pode inferir imediatamente destas afirmações é que tanto Augusto Santos Silva como Pedro Silva Pereira estão, não só, perfeitamente alheados das realidades deste país, como também com uma enorme carência de perspectiva, dado que os sinais dados por Manuel Alegre e outros deputados do P.S. têm vindo em crescendo, perante a passividade deste governo que de actos democráticos tem deixado muito a desejar, o que não lhes permite considerarem hoje o P.S. um partido de esquerda, salvaguardando os militantes e simpatizantes de boa-fé. Acresce que, mercê da sua direcção actual, o P.S. é hoje um partido completamento descaracterizado, com uma política de centro-direita e que, dessa feita, tem atraiçoado os ideais que lhe deveriam ser caros. Até pelo respeito que lhes deveriam merecer os socialistas que persistem em sê-lo e que não se revêem presentemente na sua trajectória.
E é exactamente pelo facto do P.S. não governar para a maioria dos portugueses, que muitos se têm vindo a confrontar com a dúvida de como exercerão o seu direito de voto nas próximas legislativas. Apreensão que se tem dimensionado, uma vez que dos partidos existentes e no estado em que se encontram, parecem condenar-nos a ter que suportar mais quatro longos anos de “Sócratismo” arrogante e direitista que tem vilipendiado o povo português, em favor do grande capital e da banca privada, encetando negócios sem a transparência devida, usurpando os verdadeiros interesses nacionais, debilitando a nação e este povo cansado de sofrer.
Resulte o que resultar do Fórum das Esquerdas espera-se que, no mínimo, Manuel Alegre seja consequente e leve por diante esta ideia tão carregada de esperança. Há espaço para ela, porque os desiludidos são mais que muitos; Os que estão empregados, os que irão deixar de o ser a qualquer momento, os desempregados, os reformados, os estudantes, os velhos, os pequenos e médios empresários. Enfim, há matéria-prima suficiente para dar a volta a este país cada dia mais depauperado assim, Manuel Alegre e restante esquerda, consigam congregar uma grande força eleitoral fazendo desabrochar e gizar um programa que seja abrangente dos verdadeiros interesses da Nação e dos portugueses, para que este país deixe de ser de uma vez por todas o “Portugal dos grandes”.

sábado, 13 de dezembro de 2008

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA - DR. ALMEIDA SANTOS; CONVICÇÃO OU SENILIDADE?

Este país tem-se tornado aos poucos não só o país do incrível mas, estranhamente, o país do absurdo.
Não é propriamente com estupefacção que ouvi as declarações feitas pelo Dr. Almeida Santos a propósito do funcionamento do plenário às sextas-feiras, até porque ela veicula tão simplesmente a posição do PS, partido no qual Almeida Santos é um antigo e destacado responsável, não se podendo atribuir a esta opinião, uma posição meramente pessoal.
Diz Almeida Santos que concorda com deputado Guilherme Silva em acabar com os plenários às sextas-feiras pelo facto dos deputados terem direito à vida pessoal e, principalmente, à vida profissional. E, com a toda a ignomínia, acrescenta; «os deputados têm a sua vida profissional, não se paga aos deputados o suficiente para eles serem apenas deputados, sobretudo quando são profissionais do Direito ou fora do Direito. Um advogado que tem um julgamento, não pode estar na Assembleia e no julgamento ao mesmo tempo. Há justificações para as faltas».
E, sustentou ainda Almeida Santos:
- O melhor é não obrigar os deputados a votações em vésperas de fim-de-semana.
- Ser deputado não é um emprego.
- Que as votações não sejam às sextas-feiras, que é quando é mais penoso estar na Assembleia da Republica.
- Que, quando foi Presidente da Assembleia, não se votava à sexta-feira. Os deputados também faltavam, mas menos do que actualmente.
- E não se votava à sexta-feira por ser véspera de fim-de-semana. Os deputados são humanos, não são máquinas.
- Além do fim dos plenários às sextas-feiras, que os deputados devem ser aumentados para melhorar a imagem dos mesmos e credibilizar a classe politica portuguesa.
Posto isto e subsistindo a duvida que deu azo ao titulo, porque uma terceira hipótese seria a de o Dr. Almeida Santos estar a gozar com a maioria esmagadora dos portugueses, anoto:
Estas afirmações jamais deveriam ter sido produzidas pelo Dr. Almeida Santos, douto advogado, ex-deputado, ex-presidente da Assembleia da Republica, ex-ministro e figura de relevo no Partido Socialista. E não deviam, porque elas deslustram a sua figura.
Ser deputado não é um emprego. É muito mais do que isso; - é uma decisão pessoal e voluntária para a qual, supostamente, ninguém é coagido. Está na política quem quer pelo que nada há a reclamar.
Os deputados têm, indiscutivelmente, direito à sua vida pessoal e profissional, mas essa é uma questão de opções que eles devem fazer antes do seu ingresso na vida política activa.
E tem algo de irónico essa de não se pagarem aos deputados o suficiente para serem apenas deputados. Será que Almeida Santos sugere que estes sejam apenas tarefeiros? Ou seja, que façam uns “biscates” na A.R. e tenham o resto do tempo disponível para se compensarem no exterior do “sacrifício” a que estão sujeitos, incluindo as malditas sextas-feiras? . Além de que tal afirmação é francamente afrontosa para todos os trabalhadores e desempregados que se debatem com problemas incomensuráveis.
Sextas-feiras, não, porque os deputados são humanos, não são máquinas? Ou as verdadeiras máquinas serão só os restantes trabalhadores que trabalham todos os dias (sextas-feiras incluídas), para pagar, entre tantas leviandades, também os “parcos” vencimentos dos senhores deputados?
Os deputados da Republica não credibilizarão a classe política portuguesa com esse passe de mágica que o Dr. Almeida Santos sugere; - o aumento dos seus vencimentos. Os representantes dos eleitores começarão a dignificá-la imediatamente no dia em que respeitem os portugueses, cumprindo integralmente as suas obrigações de eleitos. E, tenha-se em conta todas as alíneas do nº 1 do art.º 14º do Estatuto dos Deputados (Deveres dos Deputados), com especial relevo para o nº 2 do mesmo artigo, onde claramente está expresso que “o exercício de quaisquer outras actividades, quando legalmente admissível, não pode pôr em causa o regular cumprimento dos deveres previstos no número anterior”.
Os deputados beneficiam de um estatuto que os privilegia relativamente aos demais cidadãos mas é notório e público como muitos deles se comportam, com a total indiferença dos seus partidos e da própria A.R. E não fora esta polémica com as faltas verificadas no passado dia 5, tudo se manteria ma mesma.
E já agora, e para terminar, seria interessante que o Dr. Almeida Santos, depois de avocar o calvário que representa ser deputado, poderia ter sugerido, o que seria muito bonito, que estes fossem também avaliados. É claro que a maioria votaria contra porque, certamente, muitos deles teriam nota insuficiente.

SERÃO OS PORTUGUESES DE ESQUERDA?

Li no “Diário de Noticias” de ontem um artigo de opinião da autoria de Pedro Lomba, jurista, titulado: “Porque são os portugueses de esquerda?” e não resisto a emitir uma opinião sobre esta questão, dado que não me regulo pelo mesmo diapasão.
Diz o articulista que “toda a gente quer perceber porque é que a maioria dos portugueses é de esquerda. Ou: porque é que segundo as sondagens, a maioria dos portugueses está a “virar” à esquerda, pronta para sem um embaraço ou uma indecisão ir depositar o seu voto em Jerónimo de Sousa ou Francisco Louçã?”.
Não me quer parecer, de todo, que esta seja uma realidade porque ela depende, inevitavelmente, do que se considera por esquerda: - Não detendo eu a opinião que o PS seja no presente um partido de esquerda, mercê da viragem e das políticas de centro-direita que Sócrates tem implementado, governando manifestamente no sentido inverso dos interesses do povo e do interesse nacional, gozando de uma maioria que lhe foi oferecida de bandeja em 2005, e não porque o voto tivesse tido o sentido literal de que os portugueses são de esquerda por natureza. Outrossim esteve subjacente a essa vitória do PS, que residiu na vontade de mudança, fosse ela qual fosse, por tão agastados com as politicas praticadas até então e em que a palavra de ordem foi sempre a mesma: - Apertar o cinto!
Sendo o PSD um partido de direita mais ou menos moderada, que perdeu totalmente o norte, evidenciando uma incapacidade de poder ser alternativa ao PS, parece que ninguém acredita hoje que o mesmo possa fazer-lhe frente, porque os desvarios de Manuela Ferreira Leite têm sido excessivos, comprometendo uma oposição que se necessitava eficaz e musculada.
O CDS é um partido de extrema-direita com imensas clivagens e, ainda que interventivo na Assembleia da Republica, tem a sua base de apoio muito especifica o que o alija de alguma vez poder vir a ser governo (salvo eventuais alianças, as quais o PS parece não enjeitar, preferindo esta a qualquer outra).
O PCP é um partido que arrogando-se de esquerda, embora respeitando eu todo o seu passado, não se modernizou, mantendo obstinadamente posições irredutíveis que não se coadunam com aquilo que deveriam ser as estratégias para as novas realidades globais, e tem sangrado do seu seio muitos militantes que tanto deram ao partido mas que hoje não se conseguem rever nele.
Resta o Bloco de Esquerda: Um partido pequeno, na verdade, acusado de ser uma miscelânea de ideais, o que até admito que seja, mas sendo aquele que mais próximo se encontra e que mais se identifica com uma franja considerável de portugueses que vivem verdadeiramente constrangidos, não só com e por esta crise, mas desde há muito tempo, com toda a amalgama que tem representado sempre este “fartar vilania” a que temos sido forçados anos a fio, governo após governo, de verdadeiro compadrio, protecção, impunidade e conluio, estando desvanecida a classe média e parecendo este país, cada vez mais, um país da América Latina, com os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobre.
Diz ainda o cronista, que «não há muito tempo que estudos de opinião situavam o português médio no centro esquerda. Faziam um retrato conservador daquilo que somos em política: moderados, compromissórios, mas levemente inclinados para a esquerda» e defende uma teoria inverosímil que é a de que «os portugueses tendem para a esquerda não por causa de teorias. Os portugueses são de esquerda porque, no essencial, são mal pagos», acrescentando que «as convicções políticas de quase todos nós dependem de sermos mal pagos» e convida o leitor a fazer um esforço que o leve a concluir «quantas pessoas bem pagas conhece a dizerem que são de esquerda, ou que votam à esquerda?». Afirma conhecer poucas e, essas, enfia-as em três excepções: «os bem pensantes, os “intelectuais” e os que nunca se libertaram do trauma de terem passado um dia pela experiência de serem mal pagos».
Quanto a mim esta opinião peca pela sua irrealidade. Poderia, e até faria sentido, que quem realmente ganha mal, tendencialmente, fosse de esquerda, ainda que fosse só por essa razão. – Mas não é assim: existem muitos portugueses que, embora vivam numa situação económica débil, continuam a votar à direita por razões de iletrismo, condicionados muitas as vezes pelo meio onde vivem, onde a igreja e os “abastados” exercem uma grande influência, com maior relevância nos meios rurais. Depois, e contrariando a visão de Pedro Lomba, não acredito na dicotomia de que «muito do confronto esquerda-direita na politica» seja «na verdade entre pessoas mal pagas e bem pagas». A questão é bem mais profunda e se ele acha que» as pessoas bem pagas adquirem um interesse egoísta, um poder que só o dinheiro confere», eu corroboro, mas acrescento: este povo ao qual tanto mal se tem feito e que antes do 25 de Abril tanto sofreu, teve uma centelha de esperança após essa data e o que tem acontecido no período decorrente, é que a rapacidade tem sido tanta e o capitalismo não deixou de ser mais feroz do que antes, com a agravante de terem desabrochado uma enormidade de novos-ricos, cujas fortunas foram conseguidas ninguém sabe como, sem que nenhum governo nem nenhum outro poder, tivesse capacidade ou quisesse investigar, punindo exemplarmente.
E pese embora opiniões diferentes, a luta de classes está na ordem do dia, sem que necessariamente seja inevitável trazer Marx para a ribalta, mas o que não se pode escamotear de o que se trata efectivamente é da luta pela quebra das tremendas assimetrias existentes entre pobres e ricos, de exigir dos governos uma politica de protecção e desenvolvimento das classes mais desfavorecidas, do desenvolvimento económico e social do país, sem estas poucas vergonhas a que se assistem amiúde, da protecção do grande capital e da banca, depauperando cada vez mais este povo e este país.
Oxalá tivesse o articulista razão e este povo virasse mesmo à esquerda, o que representaria que não se deixaria mais uma vez enganar pelo partido do governo, que de socialista só lhe resta o nome e Sócrates é, detenho para mim, o pior de todos os primeiros-ministros, (excluindo desta análise, óbviamente, Santana Lopes) porque a acrescer a tudo em que defraudou o seu eleitorado, adulterando o seu programa eleitoral, tem tido uma posição autista, arrogante, chegando, nalguns casos, a atingir as raias do inacreditável.
A crise existe, está aí e, parece, que para lavar e durar. E não pode resguardar-se este governo de que a culpa é externa. É-o também, de facto, mas muito do que nos está a acontecer tem a ver com todo o regabofe de 33 anos, tempo em que não foram capazes de desenvolver sustentadamente a economia de Portugal, provocando que hoje o impacto fosse menor.
O país está em recessão como tantos outros, mas nós somos os mais pobrezinhos da Europa, os mais desprotegidos, os mais sobrecarregados e sem que se veja a aplicação de medidas concretas para minimizar este descalabro.
E acho graça quando Pedro Lomba diz: «não é uma luta por mais ou menos igualdade. Ninguém quer ser igual a ninguém. Mas todos queremos ser bem pagos. Só vejo uma maneira de acabar com o Bloco» de Esquerda «é subir os salários».
A exigência da subida dos salários é impreterível e deve materializar-se, mas muitas necessidades e outros direitos dos portugueses não se esgota na dignificação dos seus vencimentos. Mais e melhor saúde, educação e justiça devem ser objectivos imediatos e, para que tudo isto possa estar para além da esperança, é preciso dizer “não” aos maus políticos.

sábado, 6 de dezembro de 2008

SOS SANTA CATARINA - COMENTÁRIO ANÓNIMO DIGNO DE RELÊVO!

Anónimo deixou um comentário na sua mensagem "S.O.S Santa Catarina - Brasil":
Hoje 27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar. A despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta “folga forçada” a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de que a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí.
As fotos que circulam na internet e os telejornais já nos dão as imagens claras de tudo que aconteceu então não vou me estender narrando e descrevendo as cenas vistas nestes dias. Todos vocês já sabem de cor. Eu quero mesmo é falar sobre lições aprendidas.
Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos. As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência. Fizeram-nos perder a fé no ser humano num segundo, para recuperar-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando todos se dão as mãos.
Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:
- Que se aproveitaram a situação para fazer saques em Supermercados, levando principalmente bebidas e cigarros
- Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentos e cofres e destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assim como a estrutura física da mesma.
- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral.
- Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás.
- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vender nas áreas alagadas.
- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas casas atingidas.
- Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava.
- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não ter suas casas saqueadas.
- Que não sentiram preocupação por ninguém, algo está errado em seu coração.
- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas.
Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:
- Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingo no quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma.
- Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver.
- A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semana que rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta diferença.
- À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de toda uma vida.
- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul.
- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos.
- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram com veteranos.
- Aos Bombeiros e Policias locais que resgataram, cuidaram , orientaram e auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas.
- Aos Médicos Voluntários.
- Às enfermeiras Voluntárias.
- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos.
- Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso.
- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram tempo nem pra respirar.
- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade.
- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa.
- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar caminhões nos centros de triagem.
- Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos.
- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem.
- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa.
- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou.
- A todos que oraram por todos.
- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas.
- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira.
- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente.
- Aos blogueiros de plantão.
- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém.
- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

E SE OBAMA FOSSE AFRICANO (Por Mia Couto)



Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.
Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos. Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.
E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.
2.Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.
3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).
5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.
6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.
Inconclusivas conclusões:
Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.
Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos. A verdade é que Obama não é africano.
A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.
No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.
Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

S.O.S Santa Catarina - Brasil

Doações em dinheiro devem ser feita através das contas disponibilizadas:

Banco/SICOOB SC - 756 - Agência 1005, Conta Corrente 2008-7
Caixa Econômica Federal - Agência 1877, operação 006, conta 80.000-8
Banco do Brasil - Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7
Besc - Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0.
Bradesco S/A - 237 Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1
Itaú S/A - 341, Agência 0289, Conta Corrente 69971-2
SICREDI - 748, Agência 2603, Conta Corrente 3500-9
SANTANDER - 033, Agência 1227, Conta Corrente 430000052
BANRISUL - 041, Agência 0131, Conta Corrente 06.852725.0-5Nome da pessoa jurídica é Fundo Estadual de Defesa Civil, CNPJ - 04.426.883/0001-57.

Defesa Civil de Santa Catarina alerta sobre ação de golpistas pela Internet. A Defesa Civil não envia mensagens eletrônicas com pedidos de auxílio.