segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

FÓRUM DAS ESQUERDAS - E AGORA MANUEL ALEGRE?

Manuel Alegre, doa a quem doer e resulte daí o que resultar, tomou uma posição ontem que inevitavelmente já agitou, principalmente, as hostes do Partido Socialista, ainda que José Sócrates tenha afirmado que o encontro do Fórum das Esquerdas «não incomodou, não incomoda, nem tenho nenhum comentário a fazer sobre isso». Uma coisa é quase certa; Sócrates deve ter tido ontem a pior de todas as suas insónias, porque tem total consciência de que 2009 lhe vai ser adverso na governação, o que já lhe daria água pela barba e, ainda por cima, a ter sido este fórum o embrião de um partido, de uma ampla frente de esquerda, ou qualquer outra coisa que venha a desenhar-se, a concretizar-se e apresentar-se como alternativa ao P.S., uma coisa terá como certa; - é que a ser assim, nada será como dantes e a maioria estará, para já, ferida de morte. E Sócrates não tem traquejo para governar sem maioria.
Mas deve ter havido ontem, ao que parece, mais gente no PS a ter de tomar o seu “Xanax” para se tranquilizar.
Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira que não têm feito outra coisa senão invectivar Manuel Alegre pelas sucessivas e compreensíveis posições que este tem vindo a tomar face às políticas desastrosas do P.S., (não sendo Manuel Alegre, caso único no Partido Socialista), surgem agora, o primeiro, Ministro dos Assuntos Parlamentares, a dizer «não entender a ideia de Manuel Alegre para criar uma convergência à esquerda. Na sua opinião é «incompreensível» que a esquerda se una contra a esquerda» e Pedro Silva Pereira, Ministro da Presidência, afirmar que «Percebo mal a ideia de haver uma convergência das esquerdas contra a esquerda, particularmente contra o PS que está no Governo». E, acrescenta ainda este último, «Não é pensável uma convergência das esquerdas sem as forças maiores da esquerda portuguesa e, sobretudo, sem um projecto de construção de algo positivo e que não seja apenas um projecto contra a força maior da esquerda democrática portuguesa».
O que se pode inferir imediatamente destas afirmações é que tanto Augusto Santos Silva como Pedro Silva Pereira estão, não só, perfeitamente alheados das realidades deste país, como também com uma enorme carência de perspectiva, dado que os sinais dados por Manuel Alegre e outros deputados do P.S. têm vindo em crescendo, perante a passividade deste governo que de actos democráticos tem deixado muito a desejar, o que não lhes permite considerarem hoje o P.S. um partido de esquerda, salvaguardando os militantes e simpatizantes de boa-fé. Acresce que, mercê da sua direcção actual, o P.S. é hoje um partido completamento descaracterizado, com uma política de centro-direita e que, dessa feita, tem atraiçoado os ideais que lhe deveriam ser caros. Até pelo respeito que lhes deveriam merecer os socialistas que persistem em sê-lo e que não se revêem presentemente na sua trajectória.
E é exactamente pelo facto do P.S. não governar para a maioria dos portugueses, que muitos se têm vindo a confrontar com a dúvida de como exercerão o seu direito de voto nas próximas legislativas. Apreensão que se tem dimensionado, uma vez que dos partidos existentes e no estado em que se encontram, parecem condenar-nos a ter que suportar mais quatro longos anos de “Sócratismo” arrogante e direitista que tem vilipendiado o povo português, em favor do grande capital e da banca privada, encetando negócios sem a transparência devida, usurpando os verdadeiros interesses nacionais, debilitando a nação e este povo cansado de sofrer.
Resulte o que resultar do Fórum das Esquerdas espera-se que, no mínimo, Manuel Alegre seja consequente e leve por diante esta ideia tão carregada de esperança. Há espaço para ela, porque os desiludidos são mais que muitos; Os que estão empregados, os que irão deixar de o ser a qualquer momento, os desempregados, os reformados, os estudantes, os velhos, os pequenos e médios empresários. Enfim, há matéria-prima suficiente para dar a volta a este país cada dia mais depauperado assim, Manuel Alegre e restante esquerda, consigam congregar uma grande força eleitoral fazendo desabrochar e gizar um programa que seja abrangente dos verdadeiros interesses da Nação e dos portugueses, para que este país deixe de ser de uma vez por todas o “Portugal dos grandes”.

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