terça-feira, 17 de novembro de 2009

CASAMENTOS GAY? NESTA QUESTÃO SOU TOTALMENTE ASSEXUADO!

Estou cada vez mais convencido que não há hospital psiquiátrico que nos possa valer porque já não me restam dúvidas que vivemos, literalmente, num país de insanos. Insanidade a que não estou imune, o que me permite debitar uns quantos disparates e ser desculpabilizado pela posições que assuma, tendo em conta o meu estado patológico, comummente, e infelizmente, partilhado por todos os meus concidadãos, parecendo ser uma fatalidade endémica da qual não nos livraremos facilmente. E se distendo esta apreciação, evocando todos os meus concidadãos, não passa de uma questão cultural, porque aprendi de muito pequenino que os malucos não o querem ser, nunca, sozinhos.
Isto para dizer o quê? Naturalmente para dizer aquilo que só aos doidos é permitido dizer, considerando a sua inimputabilidade em juízo. (O artigo 20º do CPP enuncia as condições segundo as quais a inimputabilidade é definida no actual Código Penal Português. O seu número 1 diz: “É inimputável quem, por força de uma anomalia psíquica, for incapaz, no momento da prática do facto, de avaliar a ilicitude deste ou de se determinar de acordo com essa avaliação”). Avaliado este artigo, e crendo que serei ilibado com base no mesmo, passo à questão:
Estando o país numa situação catastrófica no plano moral, judicial, económico, político e social não consigo entender como se gasta tempo de antena a escalpelizar esta questão tão simples (para mim que sou doido) do casamento entre homossexuais. Não alinho na hipocrisia de que este seja um assunto fracturante na sociedade portuguesa.
Ser livre é respeitar a liberdade dos outros quando ela não colida com a nossa liberdade, é por aí que me pauto, sendo que não me sinto (nenhum de nós tem esse direito) de restringir a liberdade individual. E, sinceramente, aparte a discordância que possam ter por esta minha opinião, somos realmente uma cambada de mentecaptos quando e se entrarmos neste conceito disparatado de que esse direito deve ser referendado.
Bolas, alguém sente o direito de mandar na vida de alguém naquilo que lhes é mais íntimo?
E onde estão os moralistas desta defesa exacerbada, eivada de falso pudor, para defender o colectivo. Aquilo que efectivamente nos deve preocupar: - que é a miséria, a fome, a pobreza, o desemprego, a corrupção, o laxismo, a justiça?
Estou mesmo cansado desta visão totalmente distorcida e malévola a que este povo se vem acomodando, aparando todas as golpadas em perfeito silencio, assobiando para o lado como se nada se passe, desculpabilizando (ou parecendo ser indiferente) a todo o tipo de atrocidades com que somos atingidos todos os dias, com grandes e graves reflexos nas nossa vidas, mas fazendo um cavalo de batalha se a Maria casa com a Maria ou o Manuel com o Manuel, como se isso contribua em alguma coisa para a nossa felicidade ou infelicidade. Mas só espero que me desculpem da assunção desta posição, porque ela emerge mais do meu estado mental do que da consciência que eu devia partilhar convosco, porque afronto gente de juízo que nada tem a ver comigo.

3 comentários:

Talina disse...

Olá Joaquim

Quando ouço estes debates e a intransigência de muitos e vejo padres no lado do não, pergunto se os homossexuais querem casar pelo civil o que é que ele está lá a fazer? sou de uma geração com muitos tabus. mas tenho filhos netos , se me calhasse um homossexual por certo que não gostaria de os ver descriminados , e esta pergunta persegue-me sempre

porque razão existem homossexuais se são 'sempre' fruto de um casal heterossexual?

Abraço

Fokun A. disse...

A homosssexualidade é reprovável! Se calhar os próprios também se sentem condenáveis nos seus actos, e pretendem a legalização como sublimação!...

Joaquim Claro disse...

Resposta ao mais que confundido Fokun A.:

Tem um conceito desfasado e, francamente retrógado, relativamente à liberdade individual. Cada um não tem de ser livre segundo os estereotipos da sociedade quanto a esta matéria. Como ousa dizer que a homossexualidade é reprovavel, fazendo uma leitura do certo/errado segundo principios morais, digo eu, que lhe foram inculcados?

«Se calhar os próprios também sentem condenáveis os seus actos», acrescenta no seu comentário e e pergunto-lhe; - com quantos "próprios" já discutiu essa matéria e de quantos auscultou os seus anseios?