domingo, 15 de novembro de 2009

SOMOS UM PAÍS DE REFÉNS

Diga-se tudo o que se disser, faça-se o que se fizer tudo redunda numa verdade insofismável - vivemos desgraçadamente num país de reféns:
- Somos todos reféns de um governo que manipula o poder, utilizando-o à revelia do interesse nacional, aviltando bastas vezes a Constituição da Republica, sub-repticiamente, criando as maiores controvérsias entre os constitucionalistas, dando estes pareceres diversos sobre um documento que não devia deixar duvida. Por isso, tornando-os reféns de tibiezas de interpretação dos “estatutos” da III Republica, que muitos apadrinharam mas do qual, paradoxalmente, não estão muitas vezes de acordo.
- O Poder está refém do poder económico, vergando-se perante este e conluiando-se em jogos duvidosos de negociatas opacas, como se lhes tivéssemos passado uma procuração com poderes ilimitados, autorizando-os a agirem para lá do que constitucionalmente e legalmente lhes é permitido.
- Os deputados, são reféns dos partidos e impedidos, em nome da disciplina partidária, de agirem e votarem segundo a sua consciência. E isto mistifica a democracia, tornando-a num centro de interesses em que todos se digladiam em nome do povo, mas cujos resultados em termos de desenvolvimento e bem-estar dos portugueses está bem à vista.
- O Poder Judicial está de tal forma confuso que já não se consegue perceber quem está refém de quem. Que nuvens negras pairam há muito no horizonte, é verdade, que de vez em quando vão caindo uns chuviscos, também, mas será que algum dia choverá a sério para “lavar” este asfalto escorregadio e perigoso em que nos encontramos?
- Os ingleses arquivaram o Caso Freeport, não sei se por serem reféns do caso Maddie MacCann , se para nos tornarem reféns dos seus interesses, que no imediato bem poderia ser dar-mos um voto favorável ao sr. Tony Blair para Presidente do Conselho Europeu.
-As pequenas e médias empresas estão reféns de um governo que não lhes liga nenhuma mas que canaliza milhões e milhões de euros para a banca em nome da sustentabilidade da economia, para que esta obtenha em tempo de crise, pasme-se, 5 MM de euros por dia.
- Os trabalhadores são reféns do capitalismo selvagem, principalmente das multinacionais que beneficiam de uma serie de benesses para se instalar, mas que batem com a porta sem mais delongas, engrossando em cada dia que passa o número de desempregados.
- Somos reféns das associações patronais que entendem que um aumento de 25 euros do ordenado mínimo representaria a falência de muitas empresas (estamos a falar de 0.83 cêntimos/dia), num pobre país onde numa zona das mais atingidas pelo desemprego, uma marca de automóveis topo de gama vendeu, no primeiro semestre deste ano, o que tinha projectado vender no ano inteiro.
Enfim, poderia desfiar um rosário sem fim de tudo o que nos transforma em verdadeiros reféns mas, o que francamente me preocupa e cada vez mais, é que não sejamos capazes de dizer basta.
Antes do 25 de Abril era poucos os que tínhamos coragem de ir para a rua protestar e bem sabíamos como elas mordiam. Hoje, andamos totalmente nas nuvens e até acho que Salazar e o seu regime gostariam desta gente, pacífica e cordata, refém desta “coisa” a que chamam de democracia e em nome da qual nos vamos sujeitando a autênticas poucas vergonhas.

1 comentário:

Andy disse...

Mr. Joaquim
Your blog is very good. Excellent write up!
Regards