sábado, 16 de maio de 2009

MANUEL ALEGRE E O DESVANECER DE UMA ESPERANÇA ANSIADA!

Mentiria se não dissesse que com a posição, que nem era inesperada, de Manuel Alegre, não acaba de morrer um pouco de esperança. Esperança que eu não sei concretamente de quê, como a não saberão, estou crente, todos quantos viam na possibilidade do surgimento de uma qualquer força politica encabeçada por Manuel Alegre, como uma centelha que pudesse dar um novo sentido à democracia perante a falência dos partidos costumeiros.
Manuel Alegre nunca mais me enganará, como possivelmente, nem enganará aqueles que nele acreditaram quando lhe proporcionaram mais de 1.000.000 de votos para as presidenciais, à conta dos quais, Manuel encheu o “peito de ar”, e logrou tomar atitudes louváveis na Assembleia da Republica, mas só porque se sentia escudado nessa realidade.
Penso hoje, perante tal atitude, que Manuel Alegre defraudou todos os que nele acreditaram, porque claramente se entregou de bandeja, não prestando com isso nenhum serviço ao país, aos milhares de possíveis seguidores e aos indefinidos, acomodando-se num pacto leonino, que tudo parece indicar ter existido de, em troca de não sair do PS, não fazer parte das listas do PS nas próximas legislativas e nem formar um novo partido, ser o candidato oficial do PS nas próximas presidências. Manuel Alegre não vai poder contar comigo!
Sócrates regozija-se que Alegre não tenha optado pela «aventura de criar um partido». Claro que Sócrates tem todas as razões e mais uma para se “alegrar”, lamentando com ironia, a “desilusão” para aqueles que acreditavam que o histórico socialista abandonaria o PS: -Sócrates está “alegre”, o PS, sem Alegre na assembleia, ficará bastante “alegre” e Alegre, por sua vez, também deverá estar “alegre”, esperançado em alegrias futuras.
O Bloco de Esquerda não me convence nos rasgados elogios que tece a Manuel Alegre e considerando, pela boca de Francisco Louçã, que, "Estou certo de que se hoje à noite alguém pensar que com esta decisão Manuel Alegre deixará de ser ouvido ou será menos ouvido, está enganado", acrescentou Louçã, sublinhando o "papel fundamental" que acredita que Alegre terá "na escolha de caminhos importantes na vida política e social em Portugal", acrescentando, "Ouviremos o que ele tem a dizer a esse respeito", destacando Alegre como "uma das raras pessoas que tem tido coerência com o seu eleitorado e com a sua política". É por isso alguém de "enorme valor para a política portuguesa, porque assumiu um compromisso com a democracia, o que é raro mas fundamental".
O BE e Louçã estarão, naturalmente, tão “alegres” como Sócrates e o PS e rigorosamente pelas mesmas razões, porque ambos os partidos veriam reduzido o seu eleitorado; - ao primeiro, comprometendo seriamente aquela que espero seja uma remota hipótese de maioria absoluta e, ao segundo, a redução da sua influência na área da esquerda e a consequente perda de alguns mandatos.
E ao comum cidadão, como eu, que ingenuamente ainda acredita na viabilidade da democracia, colocam-se muitas interrogações:
- Manuel Alegre ao tomar a posição que acaba de tomar, que é um direito pessoal, tem ou não a consciência que acaba de se divorciar com grande parte do seu potencial eleitorado?
-Manuel Alegre, “veterano” da política, sabe ou não que não se pode agradar a gregos e a troianos e há momentos cruciais em que se tem escolher o lado da barricada em quem se quer estar?
- E se Manuel Alegre, que se diz fiel ao PS e aos seus princípios, embora discorde de muita coisas que se passam actualmente no seu seio, integrasse as listas do PS e continuasse a defender as suas convicções na Assembleia da Republica, o que até se poderia compreender melhor?
Manuel, Manuel!


Letra para um hino

É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.

É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.

Manuel Alegre

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