sexta-feira, 15 de maio de 2009

Fundador do PS qualifica magistrados do Freeport como delatores

António Arnaut disse hoje que o presidente do Eurojust foi alvo da «deslealdade» dos colegas que o denunciaram. Este fundador do PS e mandatário de Vital Moreira considera que nenhum magistrado «que se preze» é pressionável. Mas, mais incrível é afirmar que o processo que envolve o presidente do Eurojust ao processo “Freeport” «só foi possível por delação de dois magistrados do Ministério Público». E, entre outros considerandos, sustentou, «Uma conversa privada, qualquer que ela tenha sido, não pode ser transmitida da forma como foi para a opinião pública. Trata-se de uma delação que eu condeno veementemente, independentemente do que se passou, e das conclusões que possam ser daí tiradas».
É claro que não posso deixar de ficar estupefacto com tais afirmações, para mais vindas do “pai” do Serviço Nacional de Saúde e por quem eu nutria alguma simpatia. Que pretende António Arnaut com esta lengalenga a não ser, ele próprio, tentar exercer pressão sobre os magistrados que pretende atingir?
Qual será o conceito de “deslealdade e denuncia” de António Arnaut; - “a quebra de lealdade e a denúncia” dos magistrados visados foi feita na sequência e com consequências para processo ou entende Arnaut que essa “traição” foi feita ao Partido Socialista, a José Sócrates e, só mesmo por ultimo a Lopes da Mota?
Como se sente no direito António Arnaut de chamar, preto no branco, delatores a dois magistrados, cujo comportamento deve ser enaltecido, de se sentirem incomodados com a intromissão no seu trabalho e não se vergarem nem serem coniventes com outros interesses que não sejam os da justiça, logo, da verdade?
E por último, entende Arnaut que qualquer conversa privada, seja ela qual for, independentemente da sua gravidade, não deve ser do conhecimento público, considerando mesmo que «Houve até alguma infidelidade, ou deslealdade, dos magistrados relativamente ao Procurador-geral da República, que é seu superior hierárquico».
O que parece não entender António Arnaut (mas só parece, mesmo) é que o sr. Procurador-geral não é a Republica, mas tão-somente um seu representante a quem os magistrados do Ministério Publico se submetem hierarquicamente mas, a integridade consubstanciada na atitude destes magistrados, não pode ser interpretada levianamente como infidelidade ou deslealdade, porque a VERDADE é um bem inestimável, que honra e dignifica a justiça, o sr Procurador-geral e, sobretudo, o país.

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