quinta-feira, 14 de maio de 2009

DESEMPREGO E DELINQUÊNCIA PODEM SER DUAS FACES DA MESMA MOEDA!

Não fora eu acreditar que este povo, apesar da indiferença cada vez maior relativamente ao que directamente lhe diz respeito, que emerge de um desencanto que se vai adensando perigosamente e que o conduz a uma consequente carência de cidadania. Não fora eu acreditar que, apesar disso, e ainda que este seja um povo em verdadeiro banho-maria, tal constatação não o transforma de todo numa manada de burros. Não fora esta minha negação sustentada pela firme certeza de que este povo vai um dia encontrar-se consigo mesmo, sendo capaz de separar o trigo do joio, escolhendo conscientemente quem o poderá dirigir no sentido de um real desenvolvimento, onde o bem-estar e a dignidade sejam comuns no seu quotidiano e não seja apenas peças menores de um tabuleiro de xadrez. Não fora eu acreditar que este povo vai um dia conseguir “domesticar” os políticos para que não lhe seja concedido espaço, e muito menos a veleidade, para que estejam para servir e não para se servir, poderia levar-me a pensar que José Sócrates é realmente um génio e o melhor de todos nós. E fico sinceramente espantado, espanto que me leva até ao estado de choque, com as declarações constantes que ele profere, sobressaindo das mesmas a sua tendência fastidiosa de vendilhão do templo, desmedidamente arrogante, evidenciando a prática de uma política de baixo nível que não posso aceitar ao 1º ministro do meu país.
Sócrates pretende a todo o custo convencer-nos ser o detentor da verdade, não tendo capacidade e humildade para, perante a evidência de uma crise que nos atinge de forma feroz, congregar todas as forças políticas, dialogar e tentar encontrar soluções sólidas. Soluções de senso comum, escutando e responsabilizando todos os parceiros o que o tornaria, isso sim, num líder digno de respeito.
Mas se há coisas que o povo não entende, apesar do atestado de estupidez que parece querem-lhe passar em cada momento, é que este governo seja obstinado no convencimento de que o país é o Largo do Rato.
Quando Sócrates afirmou hoje na Assembleia da Republica que o Bairro da Bela Vista não está sequestrado pela pobreza e pela miséria, só demonstra com toda a clarividência que não conhece o país real. País, reforço, e não particularmente o citado bairro; - por mim, até penso que conhece, mas assobia para o lado, como o tem feito em inúmeras situações, ousando eu mesmo afirmar que as suas atitudes, porque as considero veiculadas conscientemente, já não se trata somente de arrogância, mas de puro maquiavelismo.
E, interpolando um deputado, arroja-se a perguntar se este considera que os desempregados são delinquentes. Claro que não são e terão talvez muita dificuldade e relutância em sê-lo, mas não descure José Sócrates que neste país com quase meio milhão de desempregados, a que pode adicionar mais 180.000 (38% do total de inscritos nos Centros de Emprego) que não beneficiam do respectivo subsidio, e só para falar destes, pode a qualquer momento sair-lhe o tiro pela culatra, porque a fome e a miséria que afrontam hoje o povo deste país, pode impulsionar para actos de desespero que não se compadecem com quem fala de barriga cheia.

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