sábado, 18 de outubro de 2008

EMIDIO RANGEL E OS SEUS PASSES DE MÁGICA


Emídio Rangel poderá argumentar com mais esta minha investida que embirro com ele quando, na verdade, não é isso que se verifica. Não gosto mesmo dele. Ponto final!
Sou leitor atento da sua crónica “coisas do circo” porque, tal como o título sugere, as coisas do circo são quase sempre hilariantes, o que até nem é o caso. Penso que estas suas crónicas têm mais a ver com a “corda bamba”, arte que Emídio Rangel parece dominar muito bem.
No seu entendimento, em Portugal seria de todo impossível a oposição estar de acordo com o governo no combate à crise porque, «persiste no nossos país uma mentalidade tacanha e um jeito de fazer politica que em circunstancia alguma, nem mesmo quando os portugueses têm pela frente um cenário de horror, altera a equação das dificuldades por parte de uma oposição medíocre». E isto, disse-o a propósito de em Espanha, Zapatero e Rajoy, terem chegado a um acordo para um plano que visa fazer frente à crise económica. Esqueceu-se, porém, que Espanha não é Portugal, Zapatero não é Sócrates e nem Rajoy é comparável a Ferreira Leite.
E tece uns quantos considerandos sobre a posição do P.S.D. por este, antes da entrega do orçamento, ter manifestado uma série de dúvidas e ter afirmado que se o mesmo fosse numa determinada direcção não o apoiariam. São, obviamente, juízos de valor de Emídio Rangel, que como cidadão tem direito de os ter e de os manifestar, mas que deve cuidar, como cronista, de não ser descaradamente tendencioso e colar-se ao P.S. desta forma desabrida, tentando ser ao mesmo tempo ilusionista, tirando da cartola, não coelhos nem pombas, mas uma série de disparates a que não me disponho bater palmas. Que me faça rir, vá que não vá, mas que me tente iludir, isso não!
Eu, que até não me identifico com nenhum partido, sinto-me perfeitamente à vontade para falar de todos eles, manifestando o que de cada um penso ou dos seus dirigentes, mas fazendo-o, quando apoio alguma das suas acções, sem a mínima subserviência e também sem nenhum temor, quando os critico, de perder privilégios, o que não me parece ser o caso de Emídio Rangel.
Confesso que não gosto de Ferreira Leite, mas pergunto onde chega a educação de Emídio Rangel quando tem o arrojo de a apodar de múmia? Vai mais longe; - Considera o P.C.P. e o Bloco de Esquerda de ridículos e que «o que o que dizem o PCP e o BE não conta para nada, não produz resultado, não gera nenhuma consequência. Vale zero». Demonstra com esta sua posição a sua clara concepção de democracia, que bem ao estilo “socrático”, destila arrogância, fazendo lembrar os tempos do “orgulhosamente sós”.
E, depois, o resto da sua crónica é um sucedâneo da “Voz do dono”. Nada explica em concreto e o que diz é, por isso, inconsistente.
Devia ser mais claro quando afirma que «este orçamento retira o tapete debaixo dos pés às oposições sem ideias» e que esta opinião abalizada é, «referem os especialistas, uma grande arma do governo para enfrentar a crise económica”, não referindo o que considera a pobreza de ideias da oposição nem quais os especialistas que ombreiam com o governo neste orçamento. Sim, porque Emídio Rangel deve ser surdo ou anda distraído e não ouviu outras opiniões de economistas com créditos firmados e que não estão em consonância com muitos pontos deste mesmo orçamento.
E não diz Emídio Rangel que esta crise só veio beneficiar o PS e José Sócrates em tempo de eleições, porque serve inteiramente para escamotear a verdadeira situação em que o país já se encontrava ajustando-se que nem uma luva, aos intentos de quem pretende manter o poder a qualquer preço.
E onde vê Emídio Rangel que este orçamento esteja direccionado para ajudar as famílias na resolução dos seus problemas mais graves e as pequenas e as médias empresas, se os seus efeitos, discutíveis, só se repercutirão em 2010? E é que nem o Ministro das Finanças soube explicar muito bem, no programa da Judite de Sousa, como iria funcionar essa questão dos arrendamentos, pelo que a duvida subsiste sobre qual a parte de leão que caberá aos bancos nesta “ajuda” às famílias. O governo promete um barril de água quando tivermos morrido todos com sede, quando é hoje que precisamos de um copo para a saciar. E é tão revoltante que diga que o funcionalismo publico vai ter o maior aumento da década, esquecendo-se de referir há quantos anos esta classe sofre.
Como ousa dizer que este orçamento GARANTE o crescimento económico e afasta o fantasma da RECESSÃO se nada nem ninguém neste momento o consegue assegurar e ambos dependem de situações endógenas, que oxalá sejam superadas para bem de todos, e de situações exógenas, de cujos contornos ainda se lhes desconhece a amplitude e do seu evoluir dependerá o futuro?
Deixe-se de coisas do circo, que sempre nos soam a faz-de-conta, e centre-se na realidade deste país.

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