quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PORTUGAL É, EM SI MESMO, UMA CRISE.



Não enfermo da malfadada doença que, inevitavelmente, atrofia este país e que se chama "partidarite crónica" e não me refiro, obviamente, nem ao poder económico, nem às classes privilegiadas e muito menos à classe política, dado que todos eles são movidos por interesses específicos que em nada se identificam com os interesses da esmagadora maioria dos portugueses. O que me leva a construir esta ideia e a manifesta-la é exactamente a inexistência de um poder, minimamente analítico, por parte dos cidadãos que permita ter uma outra visão da realidade; - estivemos 48 anos num encolher de ombros permanente e já levamos mais 35 anos, período em que temos sido literalmente arrastados para caminhos ínvios, mercê desta partilha de poder, consubstanciada em dois partidos (PS/PSD, incluindo o CDS, que também tem as sua quota-parte de responsabilidade), sendo que para mim detenho que nem é um socialista, nem o outro é social-democrata. E não é mera questão de retórica porque os factos falam por si.
Poderei deixar a ideia de estar vinculado a forças políticas à esquerda das que citei, mas não: - nem tão pouco a de que não concordo com a existência de partidos políticos, pois tal seria contraproducente e não faria sentido, dado que sempre me bati pelos valores da liberdade e de uma democracia plural e, desculpem-me o pleonasmo, porque sem pluralidade não há democracia e sem democracia não há liberdade.
É evidente que tenho os meus ideais e uma concepção da sociedade em que gostaria que todos vivessem mas que está muito distanciada da prática viciada desta subespécie de políticos que nos tem proporcionado, com os seus desaires, sucessivas crises, sem que alguma vez se tenha avistado uma luz, ainda que ténue, ao fundo túnel.
Falta-me acreditar na possibilidade da boa governabilidade do país e nem são os acordos ora estabelecidos para a aprovação do Orçamento de Estado para 2010,nem qualquer acordo de incidência parlamentar para criar estabilidade, como se parece ter preconizado no Conselho de Estado, que vão resultar: - a crise é profunda, a classe política é calamitosa e este povo é o que é e vale o que vale. Daí, provavelmente, a frase que sobre os nossos antecessores Lusitanos é atribuída a Gaius Lulius Caesar (110-44 aC): "há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar".

2 comentários:

Fokun A. disse...

Caro amigo, de tanto ouvir a dita frase, confeço que já me reconheço nela!

Assim serão os portugueses, meio anarcas, why not?!

Estou a brincar, mas haverá alguém capaz de governar este povo feroz?! fica a pergunta no ar!...

pguedes disse...

É como diz!

Ao fim de 2.000 anos estamos iguais a nós mesmos!