terça-feira, 21 de abril de 2009

PRÓS E CONTRAS, COM MUITO MAIS CONTRAS QUE PRÓS, OU A HABITUAL FORMA DE DISCUTIR A POLITICA

Com muita pena, e creio que poderei fazer esta afirmação com a garantia que a maioria do povo português partilha do meu ponto de vista, os Prós e Contras de ontem sobre a Europa, foi uma pura desilusão para todos quantos a ele assistiram.
Não gostaria de adiantar-me nesta minha opinião sem que antes, e sem que isto represente que me estou a justificar do que quer que seja, deixar bem claro que nunca militei em nenhum partido. Não negando, porém, que me considero um homem com ideias à esquerda mas que, apesar disso, deambulo sem convicção absoluta, e desculpem-me o pleonasmo, de que posição tomarei, em termos eleitorais, nos três actos que se avizinham, duvida que certamente subsiste à maioria dos eleitores.
É nesta perspectiva que todos estamos suspensos: aguardando que os partidos se apresentem com propostas minimamente credíveis e exequíveis, de forma a debelar esta crise transfronteiriça tendo em conta, à parte a globalidade da mesma, a realidade de cada país, aplicando as soluções que em cada caso concreto a situação aconselhe.
E, esperava eu, como certamente todos o que assistem ao habitual programa, que raramente atinge os objectivos que lhe deveriam estar adjacentes, de ser claro e esclarecedor, com todo o respeito e simpatia que me merece Fátima Campos Ferreira, que se deixa muitas vezes (para não dizer, sempre) ultrapassar por uma postura hedionda dos intervenientes (leia-se, convidados) que mais não fazem do que defender pontos de vista meramente partidários, obviamente respeitáveis mas discutíveis, dado que cada um, “per si”, se espraia não numa panorâmica do que seria mais conveniente para defender os interesses de Portugal, logo de todos nós, mas defendendo posições partidárias que ultrapassam o entendimento de quem neles, mesmo com natural desconfiança, lhes oferece de bandeja os desígnios da governação do país, entregando-se de mão-beijada, mas quase sempre defraudados pela forma ignóbil como posteriormente gerem os nossos destinos, fazendo-o em detrimento desta massa informe e desprezível, como somos considerados pelos barões da politica, donos dos nosso futuro, que comprometem insistentemente, esquecendo-se que a maioria dos votos que lhes permitem governar, é oriundo da raia miúda, em quem deveriam centrar a sua governação mas que, ao contrário, o fazem defendendo interesses específicos de classe, manifesta e descaradamente expressivos em toda a casta de poucas vergonhas a que vimos assistindo sem a mínima consciência de que a força está do nosso lado, da maioria, do povo anónimo, dos que lhes damos o poder.
Ontem, o Prós e os contras demonstraram claramente que os políticos não estão interessados em nos informar porque, ao que assistimos, foi a meras querelas partidárias, de muito baixo nível, convenhamos, salvaguardando alguma clareza da deputada Ilda Figueiredo e de Miguel Portas, que teve um comportamento de destaque, não só pela calma que denotou, mas pela oportunidade das suas intervenções.
A minha conclusão do referido programa resume-se, numa óptica meramente pessoal, a isto:
- Vital Moreira está totalmente caquéctico e arredado da realidade e não me convenceu com os seus atabalhoados argumentos que redundaram numa insofismável análise: vendeu-se por um prato de lentilhas.
- Paulo Rangel, novato e pitoresco, ainda está em rodagem e pode ser que se venha a destacar no futuro. Para já deixa-se armadilhar com facilidade e embarca facilmente nos truques dos seus antagonistas.
- Ilda Figueiredo é uma velha raposa, conhecedora dos meandros do Parlamento Europeu e pareceu-me que sabia do que estava a falar. Se, em princípio, não agradou à “clack” do PS que estava na plateia, com principal destaque para a Edite Estrela e Ana Gomes, também elas deputadas do P.E., ainda que não pudessem ripostar, argumentou do conluio que parece existir no seio do mesmo, num pré cozinhado que teremos de deglutir.
- Nuno Melo que, nestas andanças é ainda muito incipiente, afastou-se da discussão central do debate e não foi esclarecedor.
-Miguel Portas foi, sem querer levantar a mais pequena suspeição de intenções, o que me pareceu o mais consentâneo sobre o tema, comportando-se com linearidade, numa demonstração inequívoca de comportamento democrático, não alinhando na “peixeirada” em que se transformou o programa, onde se discutiu o acessório em detrimento da elevação a que o mesmo deveria ter chegado se, para tanto, os políticos estivessem verdadeiramente empenhados em olhar para o horizonte em vez de se centrarem nos seus umbigos.

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