segunda-feira, 3 de novembro de 2008

BPN/NACIONALIZAÇÃO

15h31m
Lisboa, 03 Nov (Lusa)
- Cronologia dos principais acontecimentos até à nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN)
1993
- A fusão das sociedades financeiras Soserfin e Norcrédito, com negócios na banca de investimento dá origem à criação do BPN, vocacionado para a banca de investimento.
1997 - O empresário Américo Amorim, que era o principal accionista do banco, deixa o BPN, cedendo o lugar a accionistas como Saúl Maia Campos (um industrial ligado à construção civil) e Rodrigo Carvalho Santos, que passaram a ser os maiores investidores do banco.
1998 - O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do PSD, Oliveira e Costa, que ocupou o cargo num dos governos liderados por Cavaco Silva, assume a liderança grupo SLN/BPN transformando-o num banco comercial.
2000 - O BPN aumentou o capital de 60 para 80 milhões de euros, através de subscrição particular reservada a accionistas.
Em Setembro, o BPN realizou uma emissão de 200 milhões de euros de obrigações titularizadas, que visou a "securitização" da carteira de contratos de crédito ao consumo, leasing e Aluguer de Longa Duração (ADL) do grupo.
Em Outubro, o BPN assina um contrato publicitário com o futebolista português Luís Figo, que detém ainda cerca de dois por cento do capital do banco.
2002 - Alejandro Agag, secretário-geral do Partido Popular Europeu (PPE), de 31 anos, e futuro genro de José Maria Aznar, abandona a política e passa a trabalhar no BPN.
Alejandro Agag, que começou a sua actividade política nas Nuevas Generaciones (juventudes do Partido Popular) trabalhou durante alguns anos como assistente de Aznar enquanto este foi primeiro-ministro de Espanha.
2002 - Compra do banco Efisa e da corretora Fincor. O grupo comprou ainda o Banco Insular em Cabo Verde, embora não tenha comunicado o facto ao banco de Portugal, o supervisor português.
2003 - O BPN Brasil começa a operar oficialmente no maior país da América Latina, o Brasil.
A operação de internacionalização iniciou-se um ano antes com a compra ao Banco Itaú da instituição financeira Itauvest (remanescente do Itaú Bankers Trust).
2004 - O BPN-Brasil anuncia o aumento de capital para 11,4 milhões de euros (43,5 milhões de reais) até ao final de 2004.
O Brasil torna-se para o BPN o mercado de eleição para a internacionalização.
2005 - O Banco Africano de Investimento (BAI), uma instituição de direito privado angolano, compra 20 por cento do capital do BPN Brasil, tendo a operação decorrido em Março.
2007 - O Banco de Portugal pede ao grupo SLN/BPN que clarifique a sua estrutura accionista e proceda à separação entre as áreas financeiras (BPN e Real Seguros) e não financeiras (SLN Investimentos, Plêiade e Partinvest). Os esclarecimento da administração do banco apenas foram prestados em 2008, já após a saída de Oliveira e Costa, pelo então presidente-interino Abdool Vakil.
Fevereiro de 2008 - Oliveira e Costa abandona a presidência do grupo SLN/BPN, invocando problemas de saúde. Na altura, vários dos principais accionistas - como Joaquim Coimbra, entre outros - defendiam a separação entre a área financeira e não financeira do grupo, bem como a nomeação de uma nova equipa de gestão.
O presidente do banco Efisa, Abdool Vakil, assume a presidência interina do grupo.
Também neste mês, o BPN foi alvo de uma investigação no âmbito da "Operação Furacão", o mega-processo que desde 2005 investiga crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, envolvendo instituições financeiras.
Junho de 2008 - Miguel Cadilhe, antigo ministro das Finanças e ex-administrador do BCP, é eleito presidente do grupo SLN/BPN, substituindo Abdool Vakil.
Na mesma Assembleia-Geral em que foi eleito Miguel Cadilhe os accionistas aprovaram um aumento de capital de 300 milhões de euros, denominado "operação cabaz", destinado a reequilibrar o balanço do banco.
Embora este aumento de capital tenha sido subscrito integralmente, a última tranche (100 milhões de euros) não chegou a ser liquidada até final de Outubro como previsto.
Setembro de 2008 - Miguel Cadilhe anuncia um plano de venda de activos que a administração da SLN considerou como "não-estratégicos", num esforço de reestruturação e valorização do grupo.
Outubro de 2008 - o banco recorreu ainda a um financiamento de 200 milhões de euros junto da Caixa Geral de Depósitos para enfrentar as dificuldades de liquidez causadas pela crise financeira internacional.
A 28 de Outubro, Miguel Cadilhe denunciou vários crimes financeiros que alegadamente teriam ocorrido ao nível da gestão do banco, envolvendo três quadros superiores.
02 de Novembro de 2008 - o Governo anuncia que vai propor ao Parlamento a nacionalização do BPN.
03 de Novembro de 2008 - O BPN passa a ser acompanhado no seu funcionamento por dois administradores da Caixa Geral de Depósitos.
JS
Lusa/Fim

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