terça-feira, 1 de setembro de 2009

MÁRIO SOARES E OS SEUS PARADIGMAS

Publicou hoje o “Diário de Noticias um artigo de opinião do Dr. Mário Soares, na sua rubrica “O tempo e a memória”, com o titulo “Um novo paradigma: sim ou não?”.
Dada a extensão do artigo, limito-me a repescar algumas das suas citações e fazer-lhes o meu comentário:
Segundo o articulista «Há sinais incontestáveis de que a crise global está a abrandar, tanto em Portugal como noutros países da Europa e no mundo em geral», detendo a opinião, que diz ser pessoal, que isto não representa que já «tenhamos batido no fundo e que já estamos em franca recuperação». «Não, não estamos», acrescenta.
Dito isto e o mais que disse, em que me parece querer atingir unicamente o programa do P.S.D. e a Dra. Manuela Ferreira Leite, escamoteou as semelhanças que existem entre os alvos da sua critica, e o seu P.S. e o seu secretário-geral, José Sócrates. Senão, vejamos:
Salienta que «o desemprego continua a crescer e o crédito, pelo menos para a maioria, continua a ser difícil de obter, da parte dos bancos. O deficit a crescer» e, eu gostaria que o Dr. Mário Soares se tivesse explicado melhor, esclarecendo se acha que foi a oposição que governou nesta legislatura e se lhes deve assacar responsabilidades da governação desastrosa, com maioria, do seu partido?
E segue com esta coisa estapafúrdia: - «A verdade é que não se procedeu ainda a uma análise crítica, séria e transparente, para o público em geral, do porquê da crise e das suas consequências a médio prazo». O que me deixa surpreendido, vindo de quem vem, porquê seria ao Governo, e exclusivamente ao governo, que caberia falar verdade aos portugueses da dimensão e das consequências das crises (Sim, desta e da que já vinha do passado, e que tão bem Victor Constâncio trabalhou a mando do PS) e ter tido, mais do que a inteligência, a seriedade de proporcionar essa análise crítica, séria e transparente, envolvendo, sem ódios nem arrogância, todos os partidos e parceiros sociais, demonstrando com tal atitude que tratando-se de um problema nacional, todos têm responsabilidades e que uma maioria, até pela supremacia que representa, deveria ser a primeira a demonstrar, sem sofismas, a sua apetência para as melhores práticas democráticas.
Tecendo considerandos acerca da falência de bancos e de grandes especuladores, que arrastaram com eles muitas empresas e pessoas que neles confiaram, remata: - «Foi o caso paradigmático de Madoff, na América, que já está julgado, condenado e na prisão, por longos anos» e acrescenta - «e de outros pequenos Madoffs portugueses, grandes à nossa escala, que não estão presos, apesar de alguns serem arguidos. Ninguém poderá dizer se o virão a estar alguma vez….Sabe-se alguma coisa da “operação furacão” tão publicitada há já tantos meses, por aqueles que a investigam? Ou dos casos tão simbólicos do BPN e do BPP?». E eu não posso deixar de perguntar duas coisas ao Dr. Mário Soares; uma - esqueceu-se doutros casos, como o Freeport, Casa Pia, Apito dourado, Lopes da Mota, etc?; Outra – considerando que a justiça é (deve ser) independente do poder politico, é com base na legislação produzida pela Assembleia da Republica que se investiga e julga nos tribunais, pelo que tendo o governo alterado e mal, segundo opinião de eminentes magistrados e juristas, os Códigos Penal e de Processo Penal, estará a fazer uma crítica ao Ministério Publico, aos Juízes e ao Governo, ou a todos eles? É que não se entende no que escreveu.
Diz, Mário Soares, «que se está a procurar esquecer a crise sem averiguar os seus fundamentos» [...] «bem como as suas nefastas consequências» e que não se pode «ultrapassar a crise com meras medidas circunstanciais, de emergência (aliás ainda não integralmente explicadas) sem necessidade de ir às suas causas ou ignorando-as propositadamente». Não podendo deixar estar de acordo, fica-me a ideia de que o Dr. Mário Soares, neste particular, deve-se estar a referir ao governo, até reforçada por esta sua afirmação; - «Os dirigentes mais responsáveis – com obvias excepções – continuam a pensar que tudo pode ficar na mesma, favorecendo os muitos ricos e abandonando à sua sorte as classes médias e, sobretudo, os pobres, os socialmente excluídos e os desempregados». Ora tendo o Dr. Mário Soares metido há muito tempo o socialismo dentro da gaveta e tendo Sócrates seguido e mantido essa sua decisão, espero que não esteja a considerar que as obvias excepções sejam os dois e o PS.
A conclusão que o Dr. Mário Soares tira deste PSD, é a de que parece não ter este aprendido nada com a crise, que é preciso outro modelo de desenvolvimento, com regras éticas, que acabe com especulações criminosas, com off-shores, com negociatas e roubalheiras. Que os professores e os sindicalistas não são parvos e que, não votarão PSD.
Espero que não sejam; e não só os professores e os sindicalistas, mas a maioria do povo português, porque entre PS e PSD, venha o Diabo e escolha.

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