quinta-feira, 12 de março de 2009

MANUEL ALEGRE QUE SE DEFINA PORQUE A ROSA ESTÁ MURCHA!

Interrogava eu, num artigo publicado neste blog em 15 de Dezembro passado; - Fórum das esquerdas – E agora, Manuel Alegre? Convenci-me que a resposta surgiria com alguma celeridade, porquanto tudo parecia apontar no sentido, acreditando na coerência de Alegre, de a sua posição representar o embrião de uma força política emergente.
Bastou que tenham decorrido apenas três meses para me dispensar de lhe repetir a pergunta e passar a ser reticente face ao que nesse dia acreditei ser a possibilidade mais credível em conformidade com a sua postura; - a de Alegre se assumir como um vector de esperança e alternativa nas próximas legislativas, dando um fulgor à forma de fazer política em Portugal, granjeando os votos de milhares de portugueses que não se revendo neste PS, hoje transformado num verdadeiro ninho de víboras, poderão votar Em Sócrates com a ideia de que este poderá ser um mal menor, uma vez que estando a oposição à sua direita tão descredibilizada, não lhes restará outra alternativa.
Tem-me merecido respeito e admiração a coragem colocada pelo chamado grupo de “Manuel Alegre” na Assembleia da Republica, que tem sabido contrariar a hegemonia desta maioria subserviente e oportunista que, submetendo-se à disciplina de voto, tem assentido na aprovação de legislação contrária aos reais interesses da nação, permitindo a este governo, ainda que com a legitimidade que a mesma maioria lhe confere, ter praticado nestes quatro anos uma verdadeira política de direita, encabeçado por um Primeiro-ministro assaz prepotente, praticante confesso do culto da personalidade e seguido por meia dúzia de fiéis servidores, conscientes dos papeis que desempenham, que esperam o justo reconhecimento do chefe, traduzido em lugares de excelência em qualquer conselho de administração ou outros lugares no aparelho de estado que são sempre disputados entre si, dado que estes serão o trampolim para seu futuro fora da politica. O resto dos deputados são fantasmas cuja existência é meramente numérica e só contam para votar, na maior parte das vezes de cruz, não se consubstanciando esses mesmos votos segundo a sua consciência, sendo verdadeiros anónimos para o eleitorado e passando legislaturas inteiras sem fazerem uma única intervenção.
Manuel Alegre, pelos sinais dados, deixou-me a convicção de que seria portador de uma nova esperança e que, não podendo, e de certeza que não pode, renovar o PS, falaria mais alto a sua honra e princípios democráticos e tomaria uma atitude que muitos portugueses têm aguardado desesperadamente.
Se não foi ao congresso, para gáudio dos seus detractores, incluindo Sócrates, se não aceitou qualquer lugar nos órgãos partidários e se manifesta publicamente que concorreria se eventualmente fosse permitido fazê-lo como independente e, se depois de tudo isto, não toma uma atitude que dele se esperava, então Alegre deve estar muito baralhado e está a baralhar-nos.
Para constituir um partido serão necessárias 7.500 assinaturas que Manuel Alegre não terá qualquer dificuldade em conseguir. Compreendo que possa estar apreensivo com o espectro do PRD mas terá de admitir, que ponderados todos riscos, talvez mereça a pena. Além do mais provará a sua indelével honestidade em não pactuar com o que colide com os seus princípios e, a ser este empreendimento um fracasso, que sinceramente afasto, ele nunca seria um fracasso pessoal, senão de todos os portugueses sinceramente democratas.

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