
Grave é esta paridade que realça das afirmações de José Sócrates: - ele confessa que este é um exercício excelente para perder «algumas calorias como num debate mensal» na Assembleia da Republica, que concluir os 7.200 metros é óptimo «remédio para aliviar o stress da política», que «é uma belíssima forma de começar o dia» e que não está «em grande forma» nem realizou qualquer preparação para a mini-maratona. Mas, ao contrário de Sócrates, e não falo só das 35.000 pessoas que hoje ombrearam com ele, mas de todo um país, este povo corre o risco de já não ter calorias para queimar, que está cada vez mais impossibilitado de aliviar o stress, não da politica mas por causa da politica e para o qual a distancia do bem-estar não é aferida em metros, ao contrário de Sócrates, mas em tempo; - dias, meses e anos de sofrimento e esperança sempre adiada. E nenhum português terá hoje alento para dizer que correr é uma belíssima forma de começar o dia, porque está por demais habituado a correr: para os transportes públicos, para o trabalho, para as repartições de finanças, para os médicos de família que a maioria não tem, para os centros de emprego e para um sem fim de coisas que o dia-a-dia lhe impõe e que implica que, ao contrário do sr. Primeiro-ministro, esteja realmente “em forma” e obrigado a estar “preparado”, não para esta brincadeira das mini-maratonas a que Sócrates se disponibiliza pelo seu mediatismo, mas pela Mega-Maratona que é viver neste país, andando à correr há muitos anos e à toa e sem META à vista.
Que Sócrates continue a correr será uma alegria para todos nós. Mas, já agora, que o faça no Alasca e que só apareça daqui a uns anos, depois de contar todos os pinguins!
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