sábado, 24 de janeiro de 2009

FREEPORT - "EXISTE ALGO POR TRÁS DO TRONO MAIOR QUE O PRÓPRIO REI"

Portugal é já um país sem ponta por onde se lhe pegue: os escândalos multiplicam-se, a classe política está decadente e este povo continua a dormir. Não quero antecipar-me às investigações em curso no caso Freeport, julgando seja quem for, mas espero que este caso seja rapidamente clarificado para bem deste canto do sul da Europa, que se assemelha cada vez mais a um caixote de lixo. Este é só mais um caso entre muitos a que nos vamos habituando e começa a ser banal que os intervenientes saiam incólumes, mercê das mais indecentes jogadas de bastidores. Acredito que não há fumo sem fogo e que este (mais este) caso parece cheirar a esturro, parece! Tudo o que foi dito até ao momento sobre o caso em apreço, parece indiciar a existência de ilegalidades que devem ser investigadas até a exaustão, doa a quem doer. Não deixa de ser suspeita a forma como se aprovou o licenciamento do Freeport , com a alteração da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo (ZPET) decidida três dias antes das eleições legislativas de 2002, por um decreto-lei que a alterava, por forma a viabilizar a construção da infra-estrutura que tinha sido anteriormente chumbada, e por mais de uma vez, por colidir com os interesses acordados entre Portugal e a União Europeia.
O caso veio a conhecimento público em 2005, através do jornal “Independente”, a escassos dias das legislativas, com a publicação neste semanário de um documento da Policia Judiciária que mencionava José Sócrates, naquele tempo líder da oposição, como suspeito, uma vez que tinha subscrito aquele decreto-lei quando era ministro do Ambiente. Mais tarde, tanto a Policia Judiciária como a Procuradoria-geral da Republica, negaram o envolvimento do então candidato a primeiro-ministro no caso Freeport.
Hoje, o Procurador-geral da Republica, Pinto Monteiro, garantiu ao jornal PUBLICO, que o caso Freeport será investigado até ao fim como qualquer outro processo. “Com a mesma tranquilidade com que se investiga um pedreiro, um médico ou um professor, assim se investigará qualquer ministro ou político. É-me completamente indiferente o destinatário”, assegura o PGR. Pinto Monteiro nota que o processo “está agora a ser investigado” porque foi avocado pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), já que “estava completamente parado”. O PGR confirma ter pedido à responsável do DCIAP, Cândida Almeida, que tomasse medidas para resolver o processo “o mais depressa possível”, atendendo a que os prazos já tinham sido ultrapassados. “Por excesso de sensibilidade, os processos não podem arrastar-se durante anos”, afirma.
Não se entende muito bem que perante um caso que pode encerrar situações gravíssimas, só agora o Sr. Procurador-geral da Republica diga que este caso estava completamente parado e só agora tenha pedido à responsável do DCIAP para tomar medidas para acelerar o processo porque todos os prazos já tinham sido ultrapassados e que os processos não podem arrastar-se por tanto tempo. Notícias trazidas a público pela TVI no telejornal das 20,00 horas, com base numa notícia a sair hoje no semanário SOL, Júlio Monteiro, tio de Sócrates, confirma que facilitou o encontro entre este e Charles Smith, sócio da Smith & Pedro, empresa contratada para conseguir o licenciamento do Freeport. Afirma mesmo ter conseguido a realização de tal reunião e sublinhou a eventualidade de poder estar a ser inconveniente para o sobrinho, mas rematou: “estou-me nas tintas porque é verdade”. E parece não restar margem para duvidas de que essa reunião existiu mesmo, tendo a mesma sido confirmada ao semanário Expresso pelo primo de Sócrates, Nuno Carvalho Monteiro, adiantando este que, na sequência dessa reunião, a empresa de publicidade, detida pela família, enviou um mail aos responsáveis do outlet a cobrar o favor, que seria o da empresa britânica usar os serviços da agencia para promover o empreendimento
Sócrates, pode dizer o que quiser, como disse há dois dias, que o processo não passou pela mão dele. Parece no entanto que, pelas suas afirmações de hoje, não é bem assim, pois confirma ter estado numa reunião para análise do projecto. Mas a pergunta que se coloca é simples: não era Sócrates ao tempo, Ministro do Ambiente, ou seja o patrão da tutela?
Oxalá não seja mais um caso para arquivar por falta de provas!

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Joaquim.
Aqui está mais um protesto bem construído e definido.
Ás tuas palavras junto o meu eco.

BRANDOS COSTUMES

Um desdenhoso sorriso
é qualquer coisa
de impreciso
que matreiro poisa
nestas gentes indulgentes
de costumes bem prudentes.

Um nariz bem mentiroso
pode ser poleiro
para animal de rapina
atento e ocioso
debicando bonacheiro
a papança gorda e “fina”.

E como alguém disse:
“Portugal é um país
sem ponta por onde se pegue”.
O escândalo multiplica-se
os políticos sem matriz
e o povo, “soma e segue”.

O escândalo é coisa banal
em tal governo “Pinóquio”
e este nosso Portugal
caixote do lixo Real
onde qualquer compadrio
é aceite sem fastio.

Ó gente de brandos costumes
levantem a voz
ergam as cabeças incólumes
façam das vossas mãos nós
em elos de fortaleza
contra tão rude certeza.

Lisboa, 24 de Janeiro de 2009
Liliana Josué