quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SÓCRATES CRITICA MANUEL ALEGRE

Eu só estranharia, sobremaneira, se José Sócrates não tivesse o arrojo de ser o prepotente que tem demonstrado ser, e não tecesse criticas a Manuel Alegre pela posição que este tem assumido em relação ao comportamento do governo e do seu partido de sempre, o PS. E é tão desprezível para o chefe do governo os 1.125.077 votos (20,72%) conseguidos por este nas ultimas eleições presidenciais, tal e qual como é desprezível o que representa os mais de 120.000 professores que, pela segunda vez, se manifestaram contra a sua politica de educação.
Confrontamo-nos com um Primeiro-ministro e um seu Governo perfeitamente autista, que enferma de megalomania irreversível e que, pela primeira vez, em 33 anos pós 25 de Abril, me transporta a recordações dos 48 anos do Estado Novo, convencendo-me cada vez mais que noutro contexto e fora da Comunidade Europeia, José Sócrates seria um ditador.
Sócrates acusa Manuel Alegre de “estar sempre disponível para dar razão a toda a gente, menos ao Governo e ao PS” como se este, independentemente de ser deputado do PS, seja obrigado a vender a alma ao diabo, sempre que as práticas politicas arrevesadas deste Governo sejam contrárias às suas convicções. E se entende José Sócrates que “isso é com Manuel Alegre, que tem direito à sua opinião” mais uma razão para ser decoroso ao ponto de não trazer a questão para a praça publica, numa manifesta intenção de denegrir o seu nome e baralhar a opinião publica, numa demonstração clara que a democracia é coisa que deixou de morar no Largo do Rato.
Estou seguro que Manuel Alegre não quer, intencionalmente, terçar armas com José Sócrates com quem, estou convencido, não tem nada a aprender e não pode nem deve o Primeiro-ministro fazer tábua rasa dos mais elementares direitos democráticos, perfilhando o principio pérfido de que quem não é por nós é contra nós. Postura que parece estar-lhe na massa do sangue, pelo que nos é dado observar em relação às atitudes tomadas com todas as oposições, como se José Sócrates e este Governo sejam detentores de toda razão, fechando-se sistematicamente ao diálogo.
Disse Manuel Alegre que “com idade que tenho e com os combates que travei, não tenho mais paciência para suportar o quero, posso e mando, a ideia que se pode ter toda a razão contra tudo e contra todos. Isto não é suportável, não é suportável por parte de um Governo apoiado pelo PS, que tem uma tradição e uma cultura democrática; e não é suportável por aqueles que prezam sobretudo a democracia” e acrescentou, “não é vergonha abrir ao diálogo. O que não é próprio da democracia é a teimosia e inflexibilidade”.
O Sr. Primeiro-ministro deverá deixar de ser arrogante e deter-se no essencial, que passa necessariamente por provar, não só a todos militantes e simpatizantes do PS, mas a todos os portugueses que lhe ofereceram de bandeja a confortável maioria que conseguiu, que é o timoneiro de Portugal, de todos os portugueses. Que está disposto a governar a seu favor e não contra estes. E não utilizar aquele ar jocoso, que começa a ser uma imagem de marca, que em nada o dignifica como homem e muito menos como Primeiro-ministro, não perdendo de vista que esse é um lugar efémero e que deveria recusar ficar na história deste país pelas piores razões.
Nenhum Primeiro-ministro nem nenhum governo se pode arrogar de ser dono de nada nem ninguém. Os portugueses simplesmente lhe confiaram a gestão do país pelo que lhe é exigido que o faça com dignidade, tendo em conta todos e não só aqueles que estão sempre dispostos a ouvir só “ a voz do dono”. E Sócrates que tenha presente que até alguns desses começam a tomar outra consciência e a prová-lo está a votação do Código do Trabalho, onde cinco deputados do PS se demarcaram tendo votado contra. Afinal não é só Manuel Alegre!!!

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